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segunda-feira, 17 de julho de 2006

Aqui a matéria do Globo,sobre a qual eu comentei no segundo post abaixo

PT teme expor Lula

Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Preocupado com a possibilidade de o candidato Luiz Inácio Lula da Silva cometer erros que possam levar a disputa para o segundo turno, o comando petista produziu recomendações que deverão ser seguidas por Lula, pelos coordenadores da campanha e, em alguns casos, integrantes do governo. Nas cartilhas, chamadas de “os dez mandamentos da reeleição” no Palácio do Planalto, o PT recomenda que Lula se recolha para esfriar a campanha e evitar maiores riscos.

No Planalto, na semana passada comentava-se sobre o risco do “efeito Zidane” na campanha do favorito Lula. Nas conversas sobre as estratégias da campanha da reeleição, vários petistas citaram o exemplo do jogador francês Zidane, eleito o melhor da Copa de 2006 na Alemanha, que estava praticamente consagrado mas cometeu, a dez minutos de encerrar a carreira, o erro de dar uma cabeçada no adversário.

— O presidente Lula tem que ter uma postura de estadista, mesmo em campanha. Em momento algum ele pode correr o risco do efeito Zidane. É preciso tranqüilidade para evitar as provocações dos adversários. O partido é que terá que responder a eventuais ataques — alertou o petista Marcelo Déda, candidato ao governo de Sergipe, que participou de reuniões semana passada, em Brasília.

— A melhor forma de responder a qualquer baixaria é pôr o nível para cima. Não podemos perder o controle. Zidane foi magnífico em toda a Copa, mas perdeu o controle nos minutos finais.Temos que administrar a vantagem e não perder o controle nunca — completou Déda.

Para evitar erros, o decálogo do PT é o seguinte: 1) Não expor o candidato a situações de risco. 2) Evitar viagens para estados com divergências entre aliados. 3) Evitar entrevistas e coletivas. 4) Só falar com a imprensa quando tiver um tema específico e definido pela campanha. 5) Não comentar assunto negativo para o governo, deixando essa função, de preferência, para os ministros. 6) Falar sempre de temas positivos. 7) Não participar de debates. 8) Explorar mais a postura de presidente do que de candidato. 9) Evitar a presença física no comitê de campanha. 10) Esfriar a campanha, participando de poucos atos públicos, pois uma disputa acirrada e dinâmica só interessa aos adversários.

Essa advertência ganhou força na última quinta-feira, com a divulgação da pesquisa do Instituto Vox Populi, cujos números apontaram pela primeira vez para a possibilidade de segundo turno na disputa eleitoral. A pesquisa mostrou que a vantagem de Lula sobre o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que já foi de mais de 20 pontos percentuais, caiu para dez pontos. O petista aparece com 42% das intenções de voto contra 32% do tucano. Na mesma pesquisa, a senadora Heloísa Helena (PSOL) aparece com 7% e o senador Cristovam Buarque (PDT), com 1%.

Rua, só se for essencial

A tentativa do PT e do Planalto é de manter Lula fora de polêmicas e fazer atividades de rua só quando for essencial, principalmente nos meses de julho e agosto. Neste mês, por exemplo, Lula terá apenas um grande evento de campanha em Pernambuco, dia 23.

A estratégia definida pelo marqueteiro João Santana é o de potencializar a campanha da TV, com o horário eleitoral gratuito a partir de 15 de agosto, onde o candidato Lula correria menos risco. Também foi descartado debate no primeiro turno. O PT deve repetir a fórmula utilizada pelo tucano Fernando Henrique, quando disputou a reeleição em 1998. Na ocasião, o ex-presidente tentou e conseguiu esfriar o clima eleitoral, o que impediu o crescimento de Lula.

Análises internas feitas no Planalto apontam que Lula consolidou uma vantagem segura nas classes D e E: o eleitorado mais pobre já reconhece os avanços da gestão Lula e dificilmente esses votos seriam influenciados por um discurso mais radical. Num segundo momento, o esforço será direcionado para conquistar mais votos nas classes A, B e C.

— A possibilidade de um segundo turno depende muito mais de um erro nosso do que do acerto da oposição. Se houver um erro, parte do nosso eleitorado ainda pode migrar. Para não correr riscos, temos que ampliar o eleitorado. Para ter segundo turno é preciso uma queda de 5% nas intenções de voto, o que no cenário atual não é provável — diz o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

A vitória no primeiro turno é tida, no Planalto e no PT, como essencial para que Lula consolide seu capital político. Assim iniciaria o segundo mandato com maior margem de governabilidade e um menos pressão da oposição.

— A campanha é uma espécie de plebiscito. Lula está sendo julgado por seu governo. Será uma eleição difícil pelo ânimo beligerante da oposição — avalia a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC).

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