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domingo, 24 de setembro de 2006

Lula vai ao debate?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ir ao último debate entre os candidatos presidenciais, na TV Globo, dia 28 de setembro. Além dele, estão convidados Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristóvam Buarque. Lula faltou a outros debates organizados por outras emissoras nessa campanha. Em 1998, Fernando Henrique Cardoso, primeiro presidente da História do Brasil que pôde se candidatar à reeleição, faltou a todos os debates marcados por emissoras de TV. A decisão de ir aos estúdios da Globo, no Rio, dia 28, está tomada. Mas pode não ser consumada: o presidente quer o apoio convicto de nove pessoas que o cercam no dia a dia, tanto na vida privada quanto no governo e na campanha. Trata de tomar o pulso da opinião desse grupo nos últimos dias e conversará com os derradeiros interlocutores até amanhã à noite. Marisa Letícia, a primeira-dama, ainda é contra. João Santana, jornalista e publicitário que cuida da campanha de Lula, é a favor. Marco Aurélio Garcia, coordenador da campanha de reeleição desde o afastamento de Ricardo Berzoini, é a favor. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, é contra. André Singer, porta-voz da Presidência, é contra. José Genoíno, ex-presidente do PT e candidato a deputado por São Paulo, é a favor. Luiz Eduardo Greenhalgh, deputado pelo PT paulista, ora é contra, ora é a favor. Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, é a favor. Dilma Roussef, ministra-chefe da Casa Civil, ora é contra, ora é a favor. Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte pelo PT e co-coordenador da campanha reeleitoral junto com Marco Aurélio Garcia, é a favor. Quando fechar 100% de apoio à sua decisão, Lula anunciará que irá. Confia mais no seu feeling político do que nas opiniões de cientistas políticos. O presidente tem convicção de que possui instrumentos e argumentos capazes de não deixá-lo preso às cordas do ringue enquanto os adversários o espancam com a ficha corrida dos dois últimos anos de aventuras de um bando ligado ao PT. Lula já falou, também, que, se a decisão de ir ao debate da Globo for consumada, quer ter a seu lado o ex-ministro Ciro Gomes. O presidente da República não só admira a rapidez de raciocínio de Ciro, como também quer aprender com ele como manejar o florete verbal a fim de desferir golpes ameaçadores ou mortais contra os contendores.

3 comentários:

Anônimo disse...

Para que Lula vá ao debate,será necessário e indispensável continuar escondendo a origem do dinheiro do dossiê,se aparecer antes, não haverá segundo turno, teremos Geraldo presidente e uma puta baderna em SP.

CK

Anônimo disse...

Concordo com cerael kid,muito foda esse PT do caralho
Pedro

Anônimo disse...

Do Diego
por Paulo G. M. de Moura, cientista político

Até a ocorrência do escândalo em curso a maioria dos eleitores, dos comentaristas políticos e mesmo dos políticos profissionais trabalhava com a hipótese de vitória de Lula em primeiro turno. Até pouco tempo, adesistas corriam para associarem-se à vitória do petista. Oposicionistas, dentre os quais experientes lideranças políticas, jogaram a toalha, admitindo, em atos falhos ou declarações explícitas, a vitória de Lula. Articulistas de oposição, indignados com Alckmin, também deram a eleição por perdida, por mais de uma vez, e por escrito, condenaram o tucano por não gastar todo seu tempo na TV para bater duro em Lula.

Agora, depois que a “Justiça Divina” criou uma armadilha para a quadrilha no poder, é fácil vir a público afirmarem-se donos da razão aqueles que defendiam a necessidade de bater-se em Lula para vencer. Bater ou não bater nunca foi objeto de divergência. A questão era quando e como, já que, para vencer, o desafio estratégico é tirar eleitores de Lula e não apenas crescer sobre eleitores antilulistas.

A meu ver, o grande obstáculo de Alckmin estava na cabeça dos eleitores de Lula. O eleitorado foi saturado pela avalanche de escândalos e, compreensivelmente, tem dificuldade para admitir que alguém como Lula, que foi depositário das esperanças e ilusões de milhões, não é o “santo” que todos eles gostariam que fosse. Desilusão dói. Decepção machuca.

Agora que o jogo virou, posso dizer mais claramente, acho que as peças da propaganda negativa de Alckmin que batiam no PT na fase anterior não foram eficazes o suficiente como poderiam ser. Mas isso são águas passadas. Insinuei essa crítica na citação abaixo. Mas, contive-me nesses limites por solidariedade ao meu candidato e a seu estrategista de marketing, Luiz Gonzalez. Sei, por experiência, o que é estar no lugar de Gonzalez. Criticar, destruir, é fácil. Construir é para poucos. Meu negócio sempre foi derrotar Lula, jamais bater em Alckmin, não obstante eventuais divergências (mínimas) sobre tática eleitoral.

Mas, os dois aspectos mais importantes de minha linha de análise, e - esses sim, acho que tenho o direito de reivindicar - residem no fato de que, em primeiro lugar, nunca joguei a toalha. Publiquei vários artigos em que afirmei que, em política, reina a imponderabilidade e a incerteza, argumento a que sempre recorri para a eventualidade de que algum fato novo revertesse o quadro de adversidades de Alckmin. O artigo “Para entender as últimas pesquisas”, de 09/08/2006, citado abaixo é um desses:

“O melhor cenário eleitoral que Alckmin já teve a sua disposição ocorreu em dezembro de 2005, quando Lula bateu no piso de 29% das manifestações de intenção de voto e o tucano (40%) alcançou um empate técnico com o petista (41%). Esse cenário dá a medida das dificuldades que Alckmin enfrenta para derrotar Lula. Nessa mesma pesquisa Serra (50%) derrotaria Lula (36%) num virtual segundo turno. A correlação de forças favorece Lula. Mas, como sempre digo, em política reina a incerteza e a imponderabilidade. Esse cenário se conformou no auge escândalo do mensalão, com uma verdadeira avalanche midiática mostrando as mãos sujas da merda (nas palavras de Paulo Betti) de Lula e do PT. O governo desistira de reagir e a correlação de forças favorecia a oposição.”

Em segundo lugar, entendia que o grande desafio da oposição para superar a barreira psicológica do eleitor que não queria admitir a desilusão com Lula, consistia em recriar, sob condições as “artificiais” da propaganda, o ambiente de dezembro de 2005. Aquele momento foi superado pela estratégia de marketing de Lula e seus aliados na mídia. Sem o impacto dos fatos contundentes de então, recriar, usando apenas propaganda, a correlação de forças entre governistas e oposicionistas que levou Lula a bater no seu piso de penetração eleitoral, seria muito difícil. Foi o que argumentei na citação a seguir, do mesmo artigo:

“É difícil, mas será preciso reconstituir, na mente dos eleitores, o clima de perplexidade e indignação nacional daquele período, no momento eleitoral de hoje. A vitória do NÃO no referendo das armas foi resultado daquele clima de opinião. Tenho dificuldades em aceitar como definitivo o cenário em que a maioria do eleitorado brasileiro avalizaria a roubalheira que ocorreu sob o governo de Lula, sabendo que ela vai se ampliar se Lula for reeleito. Parece-me que falta emoção na propaganda de Alckmin, quando trata da questão da corrupção no governo. É preciso chamar o eleitor nos brios. Todo mundo sabe o que é certo e o que é errado e, fora essa gente que rouba dinheiro público, a maioria das pessoas, mesmo quando erra, fica com um problema na consciência. Creio que a indignação e a decepção com Lula, mostradas em testemunhos de gente honesta do povo que se sente traída perante a lembrança estimulada pelas imagens das CPIs e as gravações dos flagrantes de corrupção, talvez sejam o ingrediente capaz de provocar o vazamento de lá para cá.”

Deus não joga. Mas, desconfio que o Criador embaralha e dá as cartas. Quis a dinâmica dos fatos que, para variar, os próprios petistas recriassem, por força de seus erros - sempre derivados da arrogância e da sede de poder - o clima de opinião de dezembro de 2005. Agora, pela mesma razão que sempre defendi a idéia de que a oposição não deveria jamais jogar a toalha precocemente, não posso cantar a vitória antecipada de Alckmin.

Mas, começou uma nova eleição. De fato, já estamos no segundo turno, e, pela pouca experiência e conhecimento que tenho sobre comportamento eleitoral e marketing político, sou forçado a admitir que a dinâmica que se criou é de virada.

Definitivamente, agora começou o vazamento de eleitores de Lula para Alckmin. E mais, a julgar pela perda de dois pontos percentuais de Heloisa Helena no Ibope, suponho que esteja se criando uma “onda de voto útil”, com eleitores antilulistas migrando para Alckmin, como que antecipando o ambiente de segundo turno para essa reta final do primeiro turno. O efeito agregado desses dois fatores tende a criar um processo de crescimento acelerado do tucano, que pode, inclusive, começar o segundo turno encostando, ou mesmo, ultrapassando Lula.

Se as batidas de Alckmin antes, corriam risco de gerar rejeição no eleitor de Lula, agora elas entram fácil. E, mais importante, Gonzalez parece ter encontrado aquele tom que julguei que faltasse quando escrevi o artigo supracitado. Mas, repito, não é apenas a propaganda que mudou ou teria o poder de mudar a percepção dos eleitores. Foi o fato novo que recriou, rapidamente, o ambiente de dezembro de 2005 e reconstituiu aquele clima de opinião. O eleitor descobriu que nada mudou no governo de Lula. Se todos aqueles petistas foram demitidos e os fatos se repetem, envolvendo gente mais próxima de Lula ainda, tudo se torna evidente e os argumentos da oposição encontram receptividade fácil. Se a ficha caiu; não tem mais volta!

Mais dois detalhes importantes antes de encerrar.

Estamos no fim do primeiro turno e Lula passou todo esse tempo sem bater em Alckmin. A imagem do tucano está intacta. Isso é muito importante. Se Lula começar a bater agora, parecerá desespero eleitoral e suas críticas aparentarão desqualificadas e oportunistas. Duda Mendonça, quer acha que quem bate perde, meteu-se numa enrascada.

Mas, não é só as dificuldades de Lula para fazer propaganda negativa contra seus adversários, o que muda daqui para frente. Tudo o que ele disse de si mesmo e de seu governo não terá valido para nada. O foco do debate político-eleitoral, e os critérios de escolha do eleitor, daqui para frente, passam a se concentrar na questão ética e não no “maravilhoso” governo de Lula. Ou seja, toda a estratégia de marketing que Duda Mendonça construiu para Lula,a partir de estudos e pesquisas desenvolvidas ao longo de meses seguidos, foi para o lixo. É muito difícil, embora não impossível, sair dessa sem que um fato novo, da magnitude da cagada (perdão) que os petistas fizeram contra si, aconteça em prejuízo de Alckmin. E, se isso acontecer, Heloisa Helena será presidente e não Lula.

Finalmente, algo que talvez poucos reconheçam. Toda a propaganda biográfica e programática de Alckmin da fase inicial da campanha tem suprema importância a partir de agora. Se a propaganda de Alckmin tivesse ficado apenas batendo em Lula, sem mostrar quem é o tucano e o que ele fez em sua vida pregressa, que diferença faria para os eleitores que estão abandonando Lula votar em Alckmin ou em Heloisa Helena?

A migração de Lula para Alckmin, agora, fica mais confortável e tranqüila com os eleitores sabendo que podem escolher um presidente com o currículo que o tucano demonstrou na fase inicial da campanha. Agora, basta combinar a batida em Lula com a breve lembrança da propaganda biográfica de Alckmin da fase inicial da campanha, para estimular a troca do molusco pelo tucano. Se minha intuição está certa e nenhum fato novo vier a reverter novamente a dinâmica dessa eleição, as próximas manchetes da mídia devem ser as seguintes.

Na próxima semana:

“Haverá segundo turno.”

Na primeira semana do segundo turno:

“Alckmin ultrapassa Lula”.

E, logo após a votação do segundo turno:

“Alckmin presidente!”

CK