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quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Carta de FHC, na Folha de São Paulo
Salário mínimo
"No artigo "Lula e o salário mínimo" ("Tendências/Debates", 25/10), um diretor nacional da CUT faz eco às inverdades ditas e repetidas pelo candidato-presidente sobre esta e outras matérias quando se trata de comparar o desempenho de seu governo ao dos anteriores. A verdade é que, entre setembro de 1994 (primeiro aumento após a introdução do real) e abril de 2002 (último aumento dado em meu governo), houve um crescimento nominal do salário mínimo de 185,7%. Já entre abril de 2002 e abril de 2006 (último aumento dado no governo Lula), a variação foi de 75%, segundo dados do Ministério do Trabalho (percentual menor que o observado entre setembro de 1994 e maio de 1998, de 85,7%). Se considerarmos o salário real, usando como deflator o INPC, veremos que a variação foi de 45,3% no primeiro período e de 26% no segundo. Se o deflator utilizado for o IPCA, veremos que os aumentos reais foram de, respectivamente, 43,8% e 25,2%. Nada a ver com o salário "praticamente estagnado" de que fala o dirigente da CUT em referência ao período anterior a Lula. Qualquer pessoa, organização partidária ou sindical minimamente comprometida com a verdade dos fatos haveria de reconhecer que, desde o governo Itamar Franco, vem aumentando contínua e significativamente o valor do salário mínimo real e das aposentadorias indexadas à variação do salário mínimo. Infelizmente, o compromisso do governo, do PT e de suas correias de transmissão não é com a verdade dos fatos, mas, sim, com a repetição politicamente interessada da mentira. Sobre isso, vale recorrer de memória ao velho adágio: pode-se enganar poucos por muito tempo, pode-se enganar muitos por pouco tempo, mas não se pode enganar a todos o tempo todo."
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, sociólogo, ex-presidente da República (São Paulo, SP)