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domingo, 22 de outubro de 2006

'Clima de confronto poderá perdurar'
entrevista com Tasso Jereissati em O Globo
A uma semana do segundo turno, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), reconhece que o partido foi surpreendido pela onda de boatos disseminada pelo PT de que o candidato Geraldo Alckmin iria privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Petrobras e os Correios.


Tasso afirma que o fantasma da privatização foi usado especialmente no Centro-Sul para atemorizar a classe média. O senador chega a traçar um paralelo da ação petista com o que foi feito por Paul Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do nazista Adolf Hitler. A aposta agora é que surja um fato novo bombástico nas investigações do dossiê contra os tucanos, ligandoo ao presidente Lula e sua campanha.

O GLOBO: O que provocou essa surpreendente subida de Lula no segundo turno?
TASSO JEREISSATI: Atribuo à dinâmica da campanha com uma enorme onda de boatos patrocinada pelo candidato Lula, o maior especialista em mentiras que este país já conheceu.


Essa última, de privatização do Banco do Brasil, Petrobras, Correios e Caixa Econômica, realmente amedrontou setores da classe média que ainda se assustam diante da palavra privatização, que estranhamente só foi demonizada pelo PT e o Lula agora na campanha.

Estranhamente, porque o maior projeto de privatização já engendrado por um governo é o das PPP (Parcerias Público-Privadas), defendido de maneira apaixonada pelo presidente e seus ministros, que privatizaria setores estratégicos como estradas, aeroportos e até hospitais.

Que garantias o PSDB pode dar de que esse projeto não será retomado?
TASSO: A credibilidade do candidato dá essa garantia. A força muito bem articulada do PT de trabalhar na mentira, como uma orquestra em que todos repetem a mesma coisa ao mesmo tempo, faz com que essa mentira seja difícil de se perceber.

Assim como Goebbels (Paul Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler) fez durante o nazismo.

O PSDB não soube reagir?
TASSO: Se houve erro foi o de não estarmos preparados, embora soubéssemos que o Lula e o PT eram capazes de mentir muito bem, para essa avalanche coordenada e bem orquestrada de boatos que espalharam. No caso do Nordeste, foi o de que vamos acabar com o Bolsa Família. No Centro-Sul, assustaram a classe média com a história da privatização.

Qual a estratégia para a reta final?
TASSO: Temos dois debates e espero que a população assista. Não vão ser debates em que pretendemos ganhar argumentos, mas só trazer à tona verdades. Espero que a verdade venha a prevalecer, não só nessas questões específicas que foram inventadas, mas também nas questões do dinheiro do dossiê.

A aposta é por novo erro dos adversários?
TASSO: Surgiu agora um fato grave, de que parte do dinheiro (do dossiê) veio de um bicheiro chamado Turcão. Isso é prova de uma maneira definitiva da ligação do partido e do governo direta com o submundo do crime. Nós sabemos que ao lado do jogo do bicho estão as drogas, a pistolagem e a bandidagem.

Confirmada essa revelação, estaremos diante de um dos momentos mais negros que um governo brasileiro já viveu.

Há o temor de que novos ataques da facção criminosa prejudiquem a candidatura?
TASSO: Temos essa preocupação.

Se o dinheiro do dossiê era do bicheiro Turcão, todos os rumores da simpatia do PCC pelo PT deixam de ser rumores.

O senhor concorda com o presidente da OAB, Roberto Busato: o clima de confronto estimula uma guerra de classes?
TASSO: O que o presidente da OAB teme é o clima que o presidente Lula está estimulando perigosamente a divisão do Brasil entre ricos e pobres. Mais uma vez usando da maestria da mentira, está colocando na cabeça dos menos informados que a origem desses escândalos seria um complô dos ricos contra os pobres.

Esse clima de confronto pode arrefecer depois das eleições?
TASSO: Acho que pode perdurar. Meu receio é que vá se agregar a uma situação econômica difícil. O governo gastou mais do que podia, deu aumentos maiores do que podia, se comprometeu com obras que não existem e não vão ser feitas por falta de recursos, e quem quer que assuma o governo vai ter de consertar esses desvios feitos no ano eleit
oral.