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sábado, 7 de outubro de 2006

E agora, tucanos?(o melhor artigo da Veja desta semana)

"O plano parecia perfeito. Alckmin perderia a eleição, Lula ficaria até 2010 e, então,Serra teria o trampolim do governo paulista para lançar-se ao Planalto.
Está dando tudo errado" André Petry
Está dando tudo errado. O tucano Geraldo Alckmin, para quem não se lembra, foi lançado candidato a presidente da República em 11 de junho com a missão de perder a eleição em 1º de outubro. Lula, naquela altura, parecia imbatível. Os tucanos não podiam simplesmente fugir da raia. Saíram então pela tangente: pouparam sua maior estrela, José Serra, que tinha uma eleição fácil ao governo de São Paulo, e jogaram na arena um tucano que andava mesmo doido para ser candidato – Geraldo Alckmin, o eleito para não ser eleito.

O plano parecia perfeito. Alckmin pederia a eleição, Lula ficaria no poder até 2010 e, então, Serra teria o trampolim do governo paulista para lançar-se ao Planalto. Ou mesmo o tucano Aécio Neves, que também tinha uma eleição fácil, facílima, ao governo de Minas Gerais.

Fez parte do plano do tucanato divulgar – e isso foi fartamente divulgado – que Alckmin se revelara um político sagaz, estrategista implacável, a ponto de romper o bloqueio no PSDB e arrancar a unção à sua candidatura, esmagando as pretensões presidenciais de Serra. Marola. Alguém acredita que Serra fez tudo para ser candidato, tudo mesmo, mas não resistiu ao tsunami de Pindamonhangaba? Ou que o PSDB é uma confederação de celerados – ou aloprados, que está na moda – capaz de achar que, para concorrer ao principal posto político do país, o bom mesmo é lançar o candidato reserva?

Pois o plano que parecia perfeito está dando errado. Com o auxílio poderoso do banditismo petista, Alckmin ganhou quase 40 milhões de votos, apenas 6,7 milhões a menos que Lula, e, para o desalento de um certo tucanato, corre sério risco de ser eleito presidente da República! No domingo da eleição, o vice de Serra, Alberto Goldman, convidado para comentar o pleito na TV Bandeirantes, era a própria imagem do espanto – e do desânimo – com a votação de Alckmin.

Alckmin pode ser o candidato de 40 milhões de eleitores brasileiros, mas não era o candidato do tucanato da gema porque não é um tucano da gema. Alckmin é um interiorano, tem sotaque caipira, é tão católico que já teve de desmentir pertencer à Opus Dei, a organização mais conservadora e direitista da Igreja Católica. Alckmin não passou pela USP, não foi marxista, não esteve no exílio durante a ditadura militar. Alckmin não é da turma de Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Alckmin é, numa palavra, um forasteiro dentro daquele PSDB que já chegou ao poder em Brasília – e para lá quer voltar. Mas, claro, preferia que a volta não fosse com Alckmin, não com um sujeito que precisa explicar os vestidos da mulher, que ouve conselhos do casal Garotinho (retire do pulso a fita do Senhor do Bonfim, não tome banho de pipoca do candomblé!) e que integra a categoria intelectual dos que começam o dia extraindo uma frase edificante de um livrinho de "pensamentos"...

Está dando tudo errado. Ao pedaço do tucanato que mergulhou na perplexidade, resta esperar que, se eleito, Alckmin cumpra pelo menos uma promessa de campanha: acabar com a reeleição.

Um comentário:

Anônimo disse...

é impossível acreditar nesta estória,isso está me parecendo com a ONG Amigos de Plutão.
CK