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domingo, 24 de dezembro de 2006

Franceses protestam contra chegada de 2007

Que francês gosta de greve e adora um protesto muita gente sabe. A fama dos franceses é tal que alguns até riem quando os jornais, semanalmente, anunciam mais uma greve no país. Mas até então, as greves seguiam um ritual: são contra o governo ou em protesto a salários baixos e precariedade no trabalho, temas prediletos dos sindicatos franceses. Agora, um grupo obscuro chamado Fonacon, cujos membros insistem em se manter no anonimato, resolveu levar à tradição do protesto ao extremo: está propondo na internet uma manifestação nas ruas contra o ano novo. Isto é, para “impedir” a chegada de 2007.

Para grupo, é ilógico celebrar passagem de tempo Para tal empreitada está convocando as pessoas a saíram às ruas de Nantes na noite do dia 31 de dezembro para protestar, com a promessa de comida e bebida grátis. Corre o risco de virar uma festa.
A convocação parece piada:
“Pare 2007! Não podemos deixar passar. Todos nas ruas contra 2007”, diz o grupo no seu site na internet.

Principal justificativa de tal ato: segundo os organizadores, é “ilógico” celebrar a passagem do tempo já que o final do ano representa mais um passo das pessoas em direção ao cemitério.

O que deveria ser, sustentam eles, motivo de tragédia e não de felicidade. No site, um dos organizadores ainda avisa que “se 2007 acontecer”, o grupo vai se mobilizar para protestar na avenida Champs Elysées, em Paris, contra a chegada de 2008.

“Já é tempo de acabarmos com a passagem do tempo.

Estamos cansados de envelhecer.

Por que deveríamos seguir a moda (de celebrar o ano novo)? O planeta está envelhecendo e ficando mais quente. Não nós. Pare com esta corrida maluca em direção à morte!”, escreveu um dos entusiastas.

É, ao menos, uma maneira criativa de fechar um ano de greves na França. No país, todos os meses acontecem uma ou várias greves. Veja o exemplo de 2006. O ano começou com uma greve dos músicos parisienses.

Greves de jornalistas paralisaram redações Na França, até pessoal de limpeza e da administração de escola faz greve, como foi o caso dos funcionários do Licée Louis-le-Grand, em fevereiro.

Em março, os grandes sindicatos do setor de energia convocaram greve para protestar contra o anúncio da fusão dos grupos Suez e Gaz de France.

Em abril, estudantes bloquearam as ruas e sindicatos pararam o país em ruidosos protestos contra um contrato de trabalho que o governo criou para facilitar o emprego de jovens, mas que foi julgado como um incentivo ao trabalho precário.

Houve tanta manifestação e violência que o projeto foi retirado. Foi a grande greve de 2006.

Em maio, postos de gasolina na Córsega foram bloqueados.

Em junho, pela primeira vez na sua história, os jornalistas da revista “Paris Match” fizeram greve, para protestar contra a demissão do diretor de redação, que perdeu o emprego depois que publicou fotos da mulher do ministro do Interior, Nicolas Sarkozy — o principal candidato da direita às eleições presidenciais de maio de 2007 — com outro homem, durante uma crise conjugal.

O ano se encerrou com uma greve nacional dos professores contra a política do governo de supressão de postos, em setembro, uma greve dos ferroviários e de funcionários do jornal “Libération”, em novembro.

Em dezembro, o jornal “Le Parisien” parou um dia em protesto contra a supressão de um posto de secretário da redação.

Mas o ministério do Trabalho garante que o número de greves tem diminuído nos últimos anos, tanto no setor privado quanto no público: caiu em quase 50% desde 1996 a 2005. Os dados do ministério mostram que havia, no final de 2005, 10 vezes menos greves do que em 2003.

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