Os dados encaminhados ao Coaf teriam sido repassados pela própria Caixa, de acordo com o senador. Dias apresentou um projeto de lei com o objetivo de que a Polícia Federal levante a ficha criminal de ganhadores, bem como a origem do dinheiro pago.
Alguns premiados respondiam a processos como receptação, estelionato, homicídio, sonegação fiscal, contrabando, porte de arma, evasão de divisas, loterias clandestinas, crimes contra o sistema financeiro, declaração falsa e lesão corporal.
De acordo com o senador, um dos ganhadores levou R$ 1,2 milhão em 206 prêmios pagos pela Caixa, em sete modalidades de loterias. Outro foi premiado 525 vezes, totalizando R$ 3,8 milhões. E um terceiro teve aproveitamento melhor: faturou R$ 4 milhões com 17 prêmios. A suspeita do Coaf, segundo o senador, é que a pessoa interessada em lavar dinheiro o deposita numa agência bancária. Em troca, recebe o bilhete premiado e saca o valor correspondente, como se fosse o verdadeiro vencedor.
Existem casos realmente inadmissíveis e extremamente suspeitos de que agentes da Caixa participem da operação, afirmou Alvaro Dias. O senador também apresentou dois requerimentos à mesa diretora do Senado: um para que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, providencie junto a Caixa informações sobre as agências suspeitas; outro para que o Tribunal de Contas da União (TCU) faça auditoria no sistema de pagamentos das loterias, para verificar a possibilidade de manipulação dos resultados.
Esquema
Alvaro apontou duas possíveis formas de execução da suposta lavagem de dinheiro com prêmios de loterias da Caixa Econômica Federal, ambas com a conivência de funcionários do banco. Uma das formas é a seguinte: o interessado em legalizar dinheiro sujo deposita-o numa agência. O servidor usa o montante para pagar o prêmio ao verdadeiro ganhador e repassa o bilhete ao fraudador, que saca dinheiro limpo, como se tivesse dado sorte na loteria.
Como o vencedor tem até 90 dias para sacar seu prêmio, ele pode acumular vários bilhetes falsos (de valor baixo) até atingir o total que depositou e retirar tudo de uma vez. O senador não revelou que vantagem o bancário poderia levar, como, por exemplo devolver um valor menor ao fraudador e ficar com a diferença.
A segunda possibilidade seria o servidor armar um esquema com o criminoso e avisá-lo quando o verdadeiro ganhador fosse sacar o prêmio. Assim, ele poderia simplesmente comprar o bilhete, oferecendo, possivelmente, um valor maior. O senador não detalhou como seria o procedimento.
Num dos exemplos apresentados por Alvaro Dias, Aparecido Rocha teria ganhado 109 prêmios que somavam R$ 310 mil. Destes, 107 foram sacados no mesmo dia (26 de fevereiro de 2002). Já Vitório Basso, segundo o relatório, sacou R$ 4 milhões por conta de 17 bilhetes apostados no mesmo dia em diferentes casas lotéricas.
O senador ressaltou que algumas pessoas premiadas respondem na Justiça por crimes como receptação, estelionato, homicídio, sonegação fiscal, contrabando, porte de arma, evasão de divisas, loterias clandestinas, crimes contra o sistema financeiro, declaração falsa e lesão corporal.
2 comentários:
convenhamos que esse golpe é antigo, só não tomaram providências porque não quesieram ( ou era conveniente que assim o fosse )
Curioso foi ver a declaração, agora à noite, do petralha que chefia o setor de loterias da CEF.
Prá variar falou que... "não sabe de nada".
Há tempos que este filão é utilizado para lavagem de dinheiro, entretanto parece ser o "crime perfeito", pois beneficia todos os lados.
Bom artigo este, Kozel.
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