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domingo, 3 de junho de 2007

Fazenda dos Calheiros está em nome de morta

Marlene, ex-empregada falecida em 1997, consta como proprietária em certidão emitida em janeiro de 2006

Reportagem de Alan Gripp em O GLOBO de 03.06.2007
Primo e irmão adotivo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dimário Cavalcante Calheiros causou alvoroço ao denunciar ao Ministério Público Federal que foi usado como laranja pela própria família, na compra da Fazenda Cocal, em Murici, berço político dos Calheiros.
Agora, novas evidências lançam suspeitas sobre a negociação.

Uma escritura da propriedade de mesmo nome, emitida pelo cartório de imóveis do município, em janeiro de 2006, diz que as terras pertenciam, naquele ano, à agricultora Marlene Gomes da Silva. Mas documentos obtidos pelo GLOBO revelam que Marlene, na verdade, era uma ex-empregada doméstica da fazenda, morta nove anos antes, em 1997.

Dimário diz que Renan mandou comprar a fazenda A Cocal é uma das propriedades adquiridas pelos Calheiros e anexadas à principal fazenda da família, a Santa Rosa. Em entrevista ao GLOBO na última terçafeira, o gerente das fazendas da família afirmou que a Cocal pertence a Renan Calheiros, embora, oficialmente, não faça parte da declaração de bens do senador.

Também em entrevista ao jornal, Dimário Calheiros disse que Renan participou diretamente da negociação e deu a ordem para a compra da Cocal.

Ex-gerente das fazendas da família, Dimário descobriu, em 2005, que era dono, no papel, da propriedade, de 108 hectares.

Ele denunciou ao Ministério Público que nunca as adquiriu. Outro primo de Renan, Antônio Gomes Vasconcelos, acusou Renan e seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), de usarem laranjas para adquirirem fazendas e, com o auxílio do cartório de Murici, “aumentarem” o tamanho das terras.

As denúncias fazem parte de um procedimento administrativo enviado ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, que decidirá se abre investigação sobre o caso.

A certidão que atribui a propriedade da Fazenda Cocal a Marlene Gomes da Silva foi emitida meses depois das primeiras denúncias feitas por Dimário.

Contrariando o padrão dos registros de bens, o documento não traz informações sobre o tamanho e os limites da propriedade, nem o valor do negócio.

Procurada desde terça-feira, a tabeliã Maria de Lourdes Ferreira, que assinou a certidão, não foi encontrada no cartório.

Sem a presença dela, os funcionários disseram não poder realizar buscas nem emitir certidões que possam revelar se a propriedade foi transferida de Dimário para Marlene; se outras pessoas já constaram como donas das terras ou mesmo se há duplicidade de documentos.

Na casa de Maria de Lourdes, parentes disseram que ela viajou. Desde as denúncias de Dimário e Antônio Vasconcelos, ela responde a um procedimento administrativo na Corregedoria do Tribunal de Justiça de Alagoas.

Com o número da identidade de Marlene, O GLOBO descobriu que ela morou na pequena cidade de Capela, na Zona da Mata de Alagoas. Lá, casou-se, em 1984, com o operário Luis Paulino da Silva. Assim como Marlene e o marido, as quatro testemunhas do casamento civil também não estão mais vivas, mas seus parentes deram pistas que levaram à usina de cana-de-açúcar Alegria, em Joaquim Gomes. Na usina, Paulino foi chefe de fabricação, mas, após a falência da fábrica, decidiu mudar-se para Murici atrás de emprego. Um único amigo, o turbineiro Paulo de Lima, conhecia o destino do casal.

— Eles morreram, meu filho.

Fui ao enterro do Luis Paulino, em Murici. Morreu pobre, e o máximo que conseguiu comprar foi uma Caravan velha — contou.

Em Murici, uma busca no cartório de registro civil mostrou que Marlene morreu no dia 13 de maio de 1997, aos 55 anos. O casal teve seis filhos. A causa da morte não é relatada.

O número do CPF do atestado de óbito é idêntico ao da certidão de propriedade da Fazenda Cocal. A escritura consta da defesa da tabeliã de Murici no procedimento administrativo aberto contra ela no TJ.

Indenizações milionárias por desapropriações As suspeitas de que laranjas foram transformados em donos de grandes pedaços de terra surgiu depois que o Ibama iniciou um levantamento da situação fundiária da Estação Ecológica de Murici, que fica em região de Mata Atlântica. O órgão ambiental pretende desapropriar fazendas para executar o plano de recuperação ambiental da reserva. Para isso, pagará indenizações milionárias.

Diante dos registros nebulosos das propriedades, o trabalho do Ibama foi interrompido.

Procurado, Renan não retornou a ligação. Durante a semana, a assessoria do senador informou que os bens dele estão todos declarados no Imposto de Renda.

2 comentários:

Anônimo disse...

se pesquisarem direito verão que neste governo pessoas possuem um verdadeiro laranjal

cereal disse...

O Estado Policialesco.

A Policia Federal começa a incomodar figurões da República e aí vem a reação dos Magistrados e Políticos contra a sua atuação.

Se fossem sacoleiros presos com contrabando do Paraguai teríamos aplausos dos mesmos que hoje reclamam das algemas.

É claro que não queremos um Estado Policialesco, mas ninguém se pronuncia sobre o Estado Sindicalista que se implantou no país.

O próximo Presidente será o que quiserem a CUT, MST e outros.
Os sindicalistas estão em todos os postos do governo desviando recursos para as campanhas dos futuros candidatos.
Podem mobilizar multidões em benefício dos corruptos que abracem suas causas.

Os canalhas são sempre audaciosos e por esta ousadia são eles que chegam ao topo nos sindicatos e centrais sindicais, sem contar com o apoio da presidência da república que se beneficia do processo.

As favelas são responsáveis pela violência dos centros urbanos, servem de esconderijos dos bandidos, armas e drogas, lá estão impunes e a comunidade que é de bem é impotente e tem que ficar em silencio.

As centrais sindicais são as favelas da nossa política.