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domingo, 1 de julho de 2007

A Era da Mediocridade

O presidente Juscelino Kubitschek é o que o brasileiro deveria ser. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o que o brasileiro é. Incapaz de folhear uma biografia, sem paciência para estudar a História do Brasil, Lula não sabe exatamente quem foi o antecessor. Mas gosta de comparar-se a JK. Depois de apresentá-lo como exemplo a seguir, não demorou a descobrir-se superior ao modelo. JK morreu antes que o atual chefe de governo tivesse nascido politicamente. Caso o conhecesse, não gostaria de ser comparado a Lula.
Ambos nascidos em famílias pobres, ultrapassaram sem medo as fronteiras impostas ao imenso gueto dos humildes e alcançaram o coração do poder. Esse traço comum abre a diminuta lista de semelhanças, completada pela simpatia pessoal, pelo riso fácil e pelo apreço por viagens aéreas. Bem mais extensa é a relação das diferenças, todas profundas, algumas abissais. O pernambucano de Garanhuns é um bom político. Pensa nas próximas eleições. O mineiro de Diamantina foi um genuíno estadista. Pensava nas próximas gerações.
Lula ama ser presidente, mas viveria em êxtase se pudesse ser dispensado de administrar o país. Bom de conversa e ruim de serviço, detesta reuniões de trabalho ou audiências com ministros das áreas técnicas. E escapa sempre que pode do tedioso expediente no Palácio do Planalto.
JK amava exercer a Presidência - e administrava o país com volúpia e paixão. A chama dos visionários lhe incendiava o olhar quando contemplava canteiros de obras que Lula só visita para discursar de improviso. Lula só trata com prazer de política. JK tratava também de política com prazer.
O país primitivo dos anos 50 pareceu moderno já no dia da posse de JK. Cinco anos depois, ficara mesmo. O otimista incontrolável inventou Brasília, rasgou estradas onde nem trilhas havia, implantou a indústria automobilística, antecipou o futuro. Com JK, o Brasil viveu a Era da Esperança.
O país moderno deste começo de milênio pareceu primitivo no momento em que Lula ganhou a eleição. Quatro anos e meio depois, ficou mesmo. As grandezas prometidas em 2002 seguem estacionadas no PAC. As estradas federais estão em frangalhos. O apagão aéreo vai completando nove meses. A roubalheira federal atingiu dimensões amazônicas. Mas Lula está bem no retrato, informa a mais recente pesquisa de opinião.
Está bem porque a economia tem sido poupada de sacolejos planetários freqüentes em governos anteriores. Está bem por ter inventado o Bolsa Família, que promoveu milhões de miseráveis a dependentes da esmola federal. E está bem sobretudo porque o advento da Era da Mediocridade tornou o país mais jeca, mais brega, menos exigente.
Nos anos 50, o governo e a oposição eram conduzidos pelos melhores e mais brilhantes. O povo que sabia sonhar sabia também escolher. Mereceu um presidente como JK. No Brasil de Lula, mandam os medíocres. O grande rebanho dos conformados tem o pastor que merece.

Um comentário:

cereal disse...

31/05/2007 - 22h22
STF abre inquérito contra ministro das Comunicações

Paulo Mario Martins
do UOL News, em Brasília

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu nesta quinta-feira inquérito contra o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Costa será investigado sobre sua suposta participação num acordo milionário entre a empresa VT1 Produções e a Telebrás _subordinada à pasta comandada por ele.

No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República pediu que a Polícia Federal tome o depoimento do ministro; do dono da VT1, Uajdi Menezes Moreira; do presidente da Telebrás, Jorge da Motta e Silva; e do então secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Tito Cardoso. A suspeita é de que tenha sido cometido o crime de advocacia administrativa (patrocínio, direto ou indireto, de interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário). A pena prevista no Código Penal é de detenção de um a três meses.

A investigação foi motivada por uma reportagem da revista "IstoÉ", publicada em agosto do ano passado. Segundo a revista, Uajdi Menezes Moreira é amigo de Hélio Costa e teria conseguido fechar um acordo na Justiça para receber uma indenização de R$ 254 milhões da Telebrás, num processo que movia contra a estatal. O problema, de acordo com a reportagem da "IstoÉ", é que antes de aceitar o acordo a Telebrás poderia recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que condenou a empresa a pagar cerca de R$ 500 milhões ao empresário.

Segundo a revista, o presidente da Telebrás teria alertado o ministro para a necessidade de acionar a Advocacia-Geral da União, com o objetivo de recorrer da decisão. Costa, no entanto, não tomou essa iniciativa.

A reportagem do UOL News procurou o ministro e foi informada por sua assessoria que ele nega as acusações. A assessoria lançou mão de um parecer do procurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, para defender o acordo firmado entre a Telebrás e Uajdi Menezes. Segundo a assessoria do ministro, no documento Furtado apontou que "o acordo celebrado pela Telebrás durante o curso da ação de execução em tela não resultou em prejuízo aos cofres da entidade, mas em economia de recursos".

A assessoria de Hélio Costa acrescentou também que o ministro encaminhou ofício à Advocacia-Geral da União e ao Conselho de Ética da Presidência da República solicitando que fosse apurado se havia responsabilidade dele no episódio, o que foi negado pelos dois órgãos.

Costa é o segundo peemedebista do alto escalão do governo Lula, em menos de 15 dias, que tem de dar explicações à Justiça por suspeita de envolvimento em irregularidades. Na semana passada, Silas Rondeau deixou o Ministério de Minas e Energia após a divulgação de que havia indícios da participação dele no esquema de desvio de verbas públicas federais desbaratado pela Operação Navalha, da Polícia Federal.