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quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pavio curto do relator do mensalão

Nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2003, o ministro Joaquim Barbosa tem em mãos o inquérito que pode implodir a base parlamentar que sustentou os primeiros anos do governo Lula. Designado por sorteio para relatar o inquérito contra os 40 acusados de operar o mensalão, Joaquim Barbosa transformou-se no centro das atenções no Supremo Tribunal Federal em março do ano passado, ao receber a denúncia da Procuradoria Geral da República .

Com mais de 400 páginas, seu voto, que deve começar a ser lido na sessão de hoje do Supremo, dirá se há provas suficientes para levar os 40 indiciados ao banco dos réus.

Filho de um pedreiro que ascendeu a dono de olaria, Joaquim Barbosa é o primeiro negro a ocupar uma cadeira no plenário do Supremo. Aos 16 anos, deixou a família em Paracatu, no interior de Minas Gerais, para concluir os estudos na capital federal.

Seu primeiro contato com a Justiça aconteceu através de um emprego de faxineiro no Tribunal Regional Eleitoral de Brasília.

Em 1984, assumiu o cargo de procurador da República, que alternou com cátedras de universidades até a nomeação para a mais alta Corte do país.

Empossado ministro, passou a cultivar uma rixa com o colega Marco Aurélio Mello, que, em 2004, durante suas férias, concedeu habeas corpus a um réu de cujo processo ele era relator. A reação foi forte: — Se estivéssemos no século XVIII, certamente teríamos um duelo — disse Barbosa.

O pavio curto já levou o ministro a acusar o ex-presidente da Corte Maurício Corrêa de tentar praticar tráfico de influência, ao procurá-lo em defesa de um cliente. O ministro costuma rejeitar pedidos de audiência com advogados, mas na última semana abriu o gabinete a representantes de diversos acusados na denúncia do mensalão.

Lá, ao lado da mesa de trabalho, um quadro exibe reportagem da revista a m e r i c a n a “Newsweek”, que saúda sua chegada ao tribunal com o título “The soul of a new Brazil” (A alma de um novo Brasil).

Mestre e doutor pela Universidade de Paris, Barbosa gosta de usar expressões em francês durante as discussões em plenário.

Anteontem, na véspera do início do julgamento, optou pelo inglês para escapar das perguntas sobre o processo mais aguardado dos últimos anos.

— Meu voto é sempre um work in progress

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