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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dinheiro para a democracia marxista. Presidente está há 28 anos no poder

Lula anuncia US$ 1 bi para investimento em Angola

Nova linha de crédito para empresas brasileiras duplica aplicação no país

Leonencio Nossa, LUANDA

Ao encerrar a viagem de quatro dias à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a abertura de linha de crédito de US$ 1 bilhão para empresas brasileiras investirem em Angola, que vive um vertiginoso crescimento econômico. Com o anúncio, o Brasil duplica o investimento no país. Mais que reforçar o “laço cultural” entre as duas ex-colônias portuguesas, o objetivo é marcar posição e garantir a presença de empresas brasileiras num país que está na mira dos chineses.

Lula admitiu que o Brasil concorre com a China na África. Em sua avaliação, os investimentos chineses são “um alerta” para o Brasil. Ressaltou, porém, que “não é só o dinheiro que conta”. “Muitas vezes os chineses fazem investimento para extrair matéria prima”, observou. “Nós colocamos dinheiro para desenvolver o país, colocamos dinheiro para ficar ali, é uma diferença muito grande.”

Nos últimos dois anos, a China já abriu três linhas de crédito no valor total de R$ 6,9 bilhões para negócios no país. Pelo centro da capital, Luanda - uma cidade de cortiços que ainda preserva as marcas da sangrenta guerra civil instalada logo depois de ser tornar independente de Portugal, em 1975 -, vários prédios, ruas e redes de esgoto estão sendo construídos. Os ideogramas chineses estão nas placas de quase todas as obras.

Na recepção a Lula, o presidente José Eduardo dos Santos destacou que o país oferece boas condições para investidores, especialmente pela estabilidade política, a paz e a consolidação das instituições democráticas. Santos, no entanto, está no poder desde 1979. De origem marxista, como a bandeira do país, com foice e martelo, ele não convoca eleições desde 1992. Ele justifica a longa permanência com o período de guerra civil, embora o conflito tenha terminado há cinco anos.

Em discurso na Assembléia Nacional de Angola, Lula foi aplaudido quatro vezes de forma enfática. “Nós estamos mais próximos do que parece”, disse. “O oceano na verdade não é uma coisa que atrapalha a relação entre Brasil e Angola, mas uma estrada que Deus fez e não cobrou nada para que tivesse uma ligação”, afirmou.

A linha de crédito anunciada por Lula é voltada para obras nas áreas de habitação, saneamento básico, energia e construção de estradas. A Petrobrás é uma das empresas que mais investem em Angola. A comitiva de Lula incluiu representantes das maiores empreiteiras do Brasil, que estão de olho no dinheiro do petróleo angolano.

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