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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A reação e o desafio de Jefferson reabre caso Renan

Relator de um dos processos contra o presidente do Senado, o senador rebate insinuações

Ao responder insinuações produzidas por seus adversários, e divulgadas por "Veja", o senador Jefferson Péres, relator de um dos processos que tramitam no Conselho de Ética contra o senador Renan Calheiros, reabriu ontem o debate que vivia uma trégua com a licença do
Senador Jefferson Péres (PDT-AM) em discurso rebateu acusações relativas à Siderama (Siderurgia da Amazônia SA)/Foto: Geraldo Magela- Agência Senado
presidente do Senado. Jefferson ganhou o apoio das lideranças.
Senador Jefferson Péres (PDT-AM) em discurso rebateu acusações relativas à Siderama (Siderurgia da Amazônia SA)/Foto: Geraldo Magela- Agência Senado

"Canalhas de todos os matizes, eu não sou como vocês: ética para mim não é pose, não é bandeira eleitoral, não é construção artificial de imagem para uso externo". Com esta frase de impacto Jefferson negou qualquer envolvimento com a Siderama (Siderurgia da Amazônia SA), empresa de siderurgia que teria deixado de repassar ao governo, na década de 70, os recursos do Imposto de Renda retido na fonte de seus funcionários.

O senador rebateu denúncias sobre o envolvimento dele com a fraude financeira que teria ocorrido na Siderama e disse não ser "chantageável" porque não tem "esqueletos no armário". Jefferson Péres é relator de processo contra o senador Renan Calheiros que investiga uma suposta aquisição de veículos de comunicação por meio de laranjas, em tramitação no Conselho de Ética.

Há 30 anos, o senador era diretor administrativo da Siderama. Pela já citada sonegação, todos os diretores da Siderama foram arrolados ao inquérito aberto a pedido da Sudam, de quem recebia recursos, mas apenas três - o diretor presidente, o diretor financeiro e o superintendente financeiro - foram formalmente acusados de ter conhecimento do esquema. Anos depois, segundo Jefferson Péres, até mesmo esses três foram isentados pelo Ministério Público.

"Se São Francisco de Assis e Jesus Cristo fossem diretores da Siderama, também teriam sido arrolados ao inquérito", disse o senador.

Mais uma vez, Jefferson Péres se disse vítima de uma "campanha difamatória" e leu uma carta, assinada pelo senador Renan Calheiros, em que este nega ser autor do dossiê e reforça suas declarações anteriores sobre Jefferson Péres - "exemplo de coerência política, de lisura e honradez".

"Quem são autores dessa ignomínia? Imagino alguns, mas não vou apontar o dedo: primeiro, porque não tenho provas; e segundo, porque não cruzo minha espada com facão de bandido."

O parlamentar negou ainda que sua mulher seja funcionária do seu gabinete ou de qualquer outro na Casa, ou que tenha solicitado passagem aérea além da sua cota ao presidente do Senado. Leu trechos de cartas emitidas pelo diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, e pela chefe de gabinete da Presidência do Senado, Martha Lyra, nesse sentido, e até da Agência Brasileira de Inteligência, negando haver qualquer investigação sobre sua vida pública ou privada na instituição.

Jefferson Péres pediu ao presidente interino do Senado, Tião Viana, que a Corregedoria inicie uma investigação. Afinal, acredita, o dossiê citado pela revista Veja "é uma peça de calúnia e difamação contra um membro do Senado". A investigação foi autorizada por Tião Viana, e ficará a cargo do corregedor, senador Romeu Tuma.

Pausa

O PMDB suspendeu ontem, por um tempo, as articulações em torno da sucessão do senador Renan Calheiros ao cargo de presidente da Casa. O líder Valdir Raupp pediu aos integrantes da bancada que interrompessem a discussão do assunto enquanto Renan estiver licenciado. Ele teme uma guerra de dossiês, procurando inviabilizar nomes de pretendentes...

Mesmo com apelos do líder, o senador Garibaldi Alves, anunciou à bancada a intenção de disputar a vaga de Renan Calheiros caso ele decida renunciar da presidência. Renan volta ao Senado, assim que terminar sua licença médica, na próxima semana.

PF em ação

Os novos dossiês contra senadores levou o presidente em exercício, Tião Viana, a acionar a Polícia Federal e Corregedoria Geral do Senado. Para ele, "esses dossiês têm que ser combatidos e não estão sustentados por fatos. Não estamos no regime de exceção e não se pode admitir isso"

ONGs na mira

Vem do chefe da Controladoria-Geral da União,Jorge Hage, a crítica à fragilidade da legislação como causa da maioria das irregularidades nos contratos do governo com as ONGs. Ele depôs ontem em audiência pública organizada pela CPI das ONGs no Senado. Ele propõe uma legislação complementar ao decreto que regulamenta os repasses. Na reunião o relator Inácio Arruda prometeu que nenhuma investigação será encoberta por interesses políticos: "Ninguém do governo anterior ou desse governo ousou procurar o relator ou o presidente para propor nada dessa natureza."

CPI do Futebol

No mesmo dia em que saía o anúncio oficial da Copa do Mundo no Brasil, um grupo de parlamentares protocolou requerimento de criação da CPI Mista do Corinthians. "O combinado era que íamos esperar o Brasil ser indicado para país-sede da Copa. Decidimos aguardar. Mas o estranho é alguém achar que a CPI iria prejudicar a indicação do país, " disse o deputado Sílvio Torres.

A CPI tem como objetivo apurar crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem tributária no contrato firmado entre o Corinthians e a empresa MSI. A comissão quer investigar se o clube cometeu crimes como sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro em meio ao contrato com a MSI.

Sem caos

O Ministério da Defesa determinou às empresas que apresentem outra proposta para evitar a volta do caos aéreo no período de alta temporada. Até a próxima semana, as companhias terão de encaminhar um novo desenho de trajetos e horários que será analisado e aprovado pelo Conselho de Aviação Civil (Conac) e pela Aeronáutica.

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