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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A morte do segredo bancário suíço


Gilles Lapouge

A Suíça tremula.
Zurique se alarma. Os belos bancos, elegantes,
silenciosos de Basiléia e Berna estão ofegantes. Poderia se dizer que
eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um
moribundo. Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o
segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama.
O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira. A UBS - União
de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça - viu-se
obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela
ajudados para fraudar o fisco . O banco protestou, mas os americanos
ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos. Os suíços, então,
passaram os nomes. E a vida bancária foi retomada, tranquilamente.

Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado. Desta vez os
americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus
52.000 clientes titulares de contas ilegais *. O banco protestou. A
Suíça está temerosa. O partido de extrema-direita, UDC (União
Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento
Federal, propõe que “o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela
Constituição federal”.
Mas como resistir? A União de Bancos Suíços não pode perder sua
licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios.
Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido. O segredo bancário suíço
não é coisa recente. Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934,
embora já existisse desde 1714. * No início do século 19, o escritor
francês Chateaubriand escreveu que “ neutros nas grandes revoluções
nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da
desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas ”.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe econômica. Para
Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência
da União de Bancos Suíços custaria 300 bilhões de francos suíços ou
201 milhões.

E não se trata apenas do UBS. Toda a rede bancária do país funciona
da mesma maneira. * O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de
30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do
país, amparados no segredo bancário, “fazem frutificar três trilhões
de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os ativos
estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são
nitidamente minoritários ”.
Ziegler acrescenta ainda que “se calcula em 27% a parte da Suíça no
conjunto dos mercados financeiros "offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente”. *Na Suíça, um pequeno país
de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.

O manejo do dinheiro na Suíça”, diz Ziegler, “se reveste de um
caráter sacramental. Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o
dinheiro, são todos atos que se revestem de uma majestade ontológica,
que nenhuma palavra deve macular e se realizam em silêncio e
recolhimento”
Mas agora surge um outro perigo, depois desse duro golpe dos
americanos. Na minicúpula europeia que se realizou em Berlim, em
preparação ao encontro do G-20 em Londres, França, Alemanha e
Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de
sancionar os paraísos fiscais. “Precisamos de uma lista daqueles que
recusam a cooperação internacional”, vociferou a chanceler Angela Merkel.
No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico,
Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais
e bancárias européias. Vale observar, contudo, que a Suíça não foi
convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas
as sanções a serem adotadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em
razão da prosperidade econômica mundial, todas as tentativas eram
abortadas. Hoje, estamos em crise. “Viva a crise!”
Barack Obama, quando era senador, denunciou com perseverança a
imoralidade desses “remansos de paz para o dinheiro corrompido”. Hoje
ele é presidente. É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm
muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos
crimes mais graves no país. Nos anos 30, os americanos conseguiram
laçar Al Capone. Sob que pretexto? Fraude fiscal.

4 comentários:

Laguardia disse...

Aqui não pegamos o apedeuta nem por desvio de dinheiro público, nem por favorecer empresa particular em troca de dinheiro para o Lulinha.

Nosso presidente vive a margem da lei. Acredita que as ações do presidente nunca podem ser crime pois afinal ele foi eleito pelo povo e tem plenos poderes para fazer o que quer.

Anônimo disse...

duvido que acabem com o sigilo, mas irão dar uma boa limpa não só nos fraudadores americanos como o dinheiro das mafias, dos narcos etc

A Sentinela disse...

Querido amigo,

Viva la crise!!!!!!!!!!!!!!!

PQP, que se salvem pelo menos os
mortos...


Existe um limite para tudo:

100% Cem por cento...

Certo????

Errado, 84%...

Para cada cidadão que trabalha e dá seu suor para sustento da família,
pode existir no máximo 4 ladrões, sobre pena de se, todo mundo roubar,
quem vai trabalhar??

Eu?????

Tô fora, o filho é dele...

PQP

A Sentinela disse...

ELOCUBAÇÕES

Coisas bestas,
ditas ao acaso,
verborragia,
logorréia...

Engraçado, me lembra claramente um certo presidente:
Nunca antes neste país, a unanimidade foi maior de 100%;
e continua crescendo, e toma fermento neste bolo.
você leitor amigo,não fique chateado...
Ainda não foi entrevistado???
pelo menos vc deve ser um ponto fora da reta,
você tá on? vc tá off?
Ao menos aqui, on é off,
afinal, não vá brigar
com a estatística.

Estou on, logo, estou off...

PQP