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quarta-feira, 8 de julho de 2009

O retorno ao foco




Apesar de Sarney, estabeleceu-se no Senado uma atmosfera de súbita concórdia
Uma semana depois de “exigir” em plenário a saída de José Sarney da presidência do Senado, a oposição deu uma guinada em sua estratégia.
Reunidos reservadamente no início da tarde desta terça (7), quatro mandachuvas do PSDB e do DEM decidiram aliviar a carga faziam contra Sarney.

Trocaram o bordão “Sai Sarney” pela defesa da imediata instalação da CPI da Petrobras.

Pelo lado do PSDB, participaram da reunião Sérgio Guerra e Arthur Virgílio, respectivamente presidente e líder da legenda.
Representaram o DEM: Rodrigo Maia, presidente da legenda, e José Agripino Maia, líder no Senado.
Ouvido pelo blog, Agripino resumiu assim o reposicionamento da oposição: “A questão Sarney fica em suspenso até que a bancada do PT delibere sobre o tema...”
“...A permanência de Sarney é de responsabilidade exclusiva do presidente Lula, que está operando a bancada do PT”.
A meia-volta de tucanos e ‘demos’ deixou o Senado aturdido. O plenário da Casa, antes uma panela de pressão, virou caldeirão de banho-maria.
Sarney, que fugia da vitrine há dias, presidiu a sessão sem ser molestado. A tropa do líder do PMDB, Renan Calheiros, escora de Sarney, soltava fogos na noite passada.



Senadores como Cristovam Buarque (PDT) e Jarbas Vasconcelos (PMDB), que engrossavam o coro pela saída de Sarney, ficaram sem chão.
“E agora, o que vamos fazer?”, perguntou Cristovam aos amigos. “O que está acontecendo?”, indagou Jarbas ao tucano Tasso Jereissati.
Desde a noite da véspera, articulava-se, por iniciativa de Cristovam, uma reunião pluripartidária dos senadores que pregavam a saída de Sarney.



Tucanos e ‘demos’ deram as costas para esse encontro, que, esvaziado, nem ocorreu. Para Jarbas, a oposição comete um “erro”.
Acha que a pressão sobre Sarney e a defesa da CPI da Petrobras são temas complementares, não excludentes.
No encontro restrito a tucanos e ‘demos’, prevaleceu uma tese de Agripino. Defendeu que Sarney fosse empurrado para o colo de Lula e do PT.
E pregou que a oposição centrasse fogo na investigação da Petrobras. Aprovada, a mudança de rota foi explicitada na sessão vespertina.



Autor do pedido de CPI, o tucano Alvaro Dias dirigiu um requerimento oral a Sarney.
Invocando o regimento, pediu-lhe que substituísse na CPI os governistas que vêm se recusando a comparecer à sessão inaugural da comissão.
Sarney disse que o regimento não ampara o pedido de Dias. Mas, aliviado pelo cessar-fogo, comprometeu-se a dialogar com os líderes.

Arthur Virgílio foi ao microfone para informar que a oposição se dispunha a retirar do caminho todos os óbices invocados pelo governo para não instalar a CPI.
Disse que devolveria a um senador governista a relatoria da CPI das ONGs. E comprometeu-se a retirar o pedido de constituição de outra CPI, a do DNIT. Agripino levantou a obstrução às votações.
Virgílio instou Romero Jucá, líder de Lula, a se manifestar. Ouviu dele que, eliminados os entraves, não se opunha à instalação da CPI petroleira.



Jucá esclareceu que falava apenas em seu nome. Virgílio cobrou, então, uma manifestação de Renan Calheiros.
Longe do microfone, Renan disse que precisaria consultar a sua bancada. Lorota. A banda do PMDB toca a partitura que Renan mandar.
Sérgio Guerra realçou a pantomima: “O Mercadante me disse umas quatro vezes que ia instalar a CPI. Dizia que dependia de Renan, que me deu a palavra várias vezes, mas disse dependia de Mercadante...”

“...Mercadante me disse depois que não havia mais problema entre ele e Renan. Mas Jucá me disse que era preciso ouvir Mercadante, que, de novo, jogou para Renan”.

Chamado a se manifestar, Sarney rogou que lhe dessem tempo para “superar o impasse”.

De resto, o líder petista Aloizio Mercadante comprometeu-se a informar ao plenário, nesta quarta (8), a posição oficial de sua bancada.

A reunião da bancada petista deveria ter ocorrido nesta terça. Foi, contudo, adiada. Mercadante equilibra-se entre a pressão do Planalto e a divisão de sua tropa.



Contra a vontade de Lula, parte dos 12 senadores do PT deseja a saída de Sarney. Três estão firmes nessa posição: Tiao Viana, Eduardo Suplicy e Marina Silva.
Quatro balançam: Flávio Arns, Paulo Paim, Fátima Cleide e Augusto Botelho. Na nova reunião, a quarta, o PT pode decidir, de novo, não decidir coisa nenhuma.
Agripino fustiga: “O Sarney, embora frágil, tem o peito inflado pelo apoio do superLula e da super Dilma”. Meia verdade.
A verdade inteira é a seguinte: há defecções pró-Sarney dentro da bancada do DEM –pelo menos quatro senadores—e do PSDB –pelo menos dois.
De resto, o vice que assumiria no lugar de Sarney, o tucano Marconi Perillo, tem pés de barro. É chamado de 'Marconi Perigo'.

E a tribo ‘demo’ tem contra si o fato de ter gerido a primeira-secretaria do Senado na maior parte do tempo em que vicejaram os desmandos.

Servindo-se do apoio de Lula e das fragilidades da oposição, Sarney arrastou para o seu lado mais de 50 dos 81 senadores. Balança. Mas é improvável que caia."

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