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sábado, 19 de agosto de 2006

Um povo marginalizado

Segundo uma pesquisa da Folha de S. Paulo , 47% dos brasileiros se dizem de direita e só 30% de esquerda; e entre os 23% restantes, que se definem como centristas, predominam amplamente as posições conservadoras em matéria de moral e segurança pública. Por que não existe então um partido conservador para dar expressão política a essa opinião majoritária? Por que, num país de direitistas, a última eleição presidencial foi disputada entre quatro esquerdistas? A coisa mais óbvia do mundo é que uma plataforma conservadora teria o apoio maciço do eleitorado. Por que ninguém tem a coragem de levantar essa bandeira?

A resposta está no mesmo jornal. Segundo sua edição de 14 de agosto, a 4ª edição da Festa Literária Internacional de Parati , com um público total estimado em 12 mil pessoas, foi uma orgia de vociferações esquerdistas e anti-americanas. “Até aí, sem novidades”, comenta a Folha : “Desde sua primeira edição, em 2003, a Flip sempre reuniu autores e público que não hesitam em esbravejar contra os EUA. ‘Noventa e nove por cento das pessoas que vêm para festivais como esse pensam assim’, disse o escritor inglês Christopher Hitchens.” Será preciso mais para comprovar o abismo que se abriu entre a nação brasileira e a miúda elite falante que domina as instituições de cultura, a educação e a mídia?

Para não dizerem que tomei birra com a Folha , vejam o caderno Prosa & Verso de O Globo . Boa ou ruim, é uma publicação cultural importante, expressa as preferências dos medalhões acadêmicos.

Vejam os escritores que aparecem na edição de duas semanas atrás. Fora o próprio Hitchens, um esquerdista que irrita um pouco os seus pares por não ser apaixonado pelo Hezbollah, e Jorge Amado, que o jornal lembra sobretudo como vítima de perseguições anticomunistas na juventude, aparecem: Ricardo Piglia (do Partido Comunista Argentino); Tariq Ali (ídolo do esquerdismo mundial); Mourid Barghouti (apologista dos palestinos); Alonso Cueto (autor de um livro sobre as maldades cometidas pelos militares peruanos contra os pobres terroristas do Sendero Luminoso ); Mário de Carvalho (militante histórico do Partido Comunista Português e admirador devoto do stalinista Álvaro Cunhal); Olivier Rolin (militante maoísta); Faïza Guène, jovem escritora de origem argelina autora de choradeiras quanto à condição dos árabes na Europa, onde eles respondem com bombas ao Estado malvado que lhes dá ensino e assistência médica.

Todas as seções culturais dos jornais do Rio e de São Paulo são assim: propaganda esquerdista ostensiva, interbadalação desavergonhada entre os politicamente corretos. Nessa atmosfera, todas as opiniões conservadoras, sem exceção, são marginalizadas e criminalizadas como “extremismo de direita”. Mas, ante os políticos e os líderes empresariais brasileiros, essa troupe de palhaços desfruta de uma autoridade verdadeiramente eclesiástica.

Os homens práticos, incapazes de entender do que os papagaios estão falando, curvam-se diante deles em sinal de temor reverencial, acreditando que eles estão mesmo falando de alguma coisa. É ridículo, mas é verdade. O destino do Brasil está nas mãos de homens ricos e poderosos que tremem como donzelas pudicas diante dos tagarelas cínicos e semiletrados que dominam o meio intelectual provinciano.

Resultado: um povo conservador não tem políticos conservadores e líderes empresariais conservadores que o representem porque todos estão psicologicamente seqüestrados por uma claque subintelectual grotesca. Até quando?
Olavo de Carvalho Mídia sem máscara de 18 de agosto de 2006

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