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quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Bolívia toma todas as instalações da Petrobrás e faz lula de palhaço

A decisão do governo da Bolívia de repassar o refino e o controle da comercialização do petróleo à estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) colocou em risco a relação com a brasileira Petrobras.

A decisão levou o ministro brasileiro de Minas e Energia, Silas Rondeau, a cancelar sua visita, prevista para esta sexta-feira, a La Paz. O encontro com as autoridades bolivianas foi adiado para 9 de outubro. O presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, havia anunciado previamente que não participaria do encontro.

Esta medida boliviana, na realidade, já estava prevista no decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos anunciado pelo presidente Evo Morales, em 1º de maio passado, mas foi adotada apenas esta semana, pois a YPFB não tinha recursos financeiros para assumir o controle da rede produtiva de petróleo e gás.

A YPFB captou fundos nas últimas semanas - 32,3 milhões de dólares - das companhias de petróleo Petrobras, a espanhola Repsol e a francesa Total pelo imposto de 32% do valor da produção previsto pelo decreto de nacionalização.

A medida afeta amplamente a Petrobras, principal investidora do setor no país vizinho com 1,5 bilhão de dólares na Bolívia. O ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Andres Soliz, declarou que a situação com a Petrobras será analisada nesta quinta-feira em reunião de alto nível liderada pelo vice-presidente Alvaro García Linera, que recentemente visitou o presidente brasileiro para discutir o caso.

A resolução adotada pelo governo boliviano deu um prazo de 30 dias para o cálculo dos "ganhos extraordinários" obtidos pelas refinarias desde maio de 2005 até esta data. Segundo Soliz, esta informação é vital para o cumprimento dos novos termos do negócio - 50% mais uma das ações das multinacionais de petróleo para o Estado boliviano - com a Petrobras em duas refinarias (Villarroel e Elder).

Estas duas refinarias produzem 90% do cru (gasolina, diesel, querosene, nafta) e todo o gás liquefeito de petróleo que o mercado local consome, destacou o jornal La Razón.

Soliz afirmou ainda que só com a exportação de óleos e azeites, a Petrobras obtém lucros de 200 milhões de dólares ao ano. Segundo o ministro boliviano, "as refinarias têm uma margem indevidamente controlada".

O Brasil compra em média 25 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano.

As negociações com outros de seus principais compradores, como a Argentina, estão indo bem. Os argentinos importam 7,7 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano, mas estão negociando aumentar este volume a 27 milhões de metros cúbicos diários.

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