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domingo, 17 de setembro de 2006

Coluna de Augusto Nunes no JB do domingo 17.09.2006

Juscelino e Lula: nada a ver

Na região do Québec, as placas de todos os carros exibem a mesma inscrição em francês: Je me souviens. A curta advertência reitera que, embora incorporada ao Canadá de fala inglesa, aquela gente não esquece as origens, o passado, a História. Todos se lembram, avisam centenas de milhares de veículos.

As pesquisas sobre a corrida às urnas informam que brasileiros preferem esquecer – fatos, episódios, dramas, qualquer coisa, por mais fresca esteja na memória. Eleitores de Lula enfurnam no baú que guarda a foto do batizado ou a roupa da primeira comunhão escândalos recentíssimos – as revelações de Jefferson, o ladrãozinho dos Correios, a calva obscena de Marcos Valério.

Os habitantes do Québec têm memória porque têm o caráter que falta a multidões de
devotos do Grande Pastor.

Como esquecer em meses o que fizeram os Zés do PT, Nosso Delúbio, Silvinho Land Rover, “Estuprador de Contas” Palocci, Paulo “Trem Pagador” Okamotto, Ângela “Pizzaiolla” Guadagnin?

Que espécie de lobotomia terá suprimido da memória coletiva os 40 gatunos a serviço do Ali Babá federal, o Gushiken das Pensões, o Duda Mendonça e sua lavanderia internacional de dinheiro verde?

E os favores milionários da Telemar que lubrificaram a cabeça de Lulinha? E a procissão de mensaleiros, vampiros e sanguessugas? E a torpeza oficializada, a moral em concordata, a falência da ética?

Inspirador e principal beneficiário da Grande Mentira, Lula passará à História como um Jânio Quadros com efeito prolongado, um Fernando Collor que adiou a hora do castigo. Inútil tentar compará-lo a Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, como fazem todo o tempo os cínicos, os áulicos e, sobretudo, os jornalistas incluídos na versão daslu do programa Bolsa Família.

Também Juscelino, recita a imprensa lulista, sofreu acusações sem fundamento. Algumas eram pertinentes, como provariam anos depois as memórias de Samuel Wainer. Mas nem o mais delirante dos udenistas ousaria atribuir a JK um milésimo das patifarias estreladas pelo atual presidente.

Há mais. JK era homem de fino trato. Cercava-se de talentos. Convivia cordialmente com aliados ou adversários. E lia. Nada a ver com Lula.


Parada dura no Planalto

Marisa Letícia da Silva e a acompanhante de primeira-dama Maria Emília Évora disputam com chances o campeonato da gastança no Planalto, categoria duplas. Usando o cartão de crédito corporativo que o cargo lhe garante, a funcionária pública Maria Emília torrou, só no primeiro semestre, R$ 441 mil para pagar despesas da chefe. Marisa não gasta a serviço: pela primeira vez, temos uma Mulher do Homem que não se ocupa de programas sociais. Prefere abrir paradas militares.

Marisa é uma parada.


Sempre atento ao que diz o ...

.... Grande Improvisador, o Cabôco anotou uma das frases sobre o Chile colhidas pelos autores do livro Viagens com o presidente: “É uma merda, uma piada”. No segundo trimestre do ano, a economia chilena cresceu 4,5%. Como o crescimento por estas paragens foi de 0,5%, um dos mais bisonhos do mundo, o Cabôco Perguntadô quer saber: o que acha o presidente Lula do Brasil?


Senador por Catanduvas
Quer dizer que Ney Suassuna, do serviço ambulatorial do PMDB, interrompeu a campanha na Paraíba para chorar no Senado? E para dizer que o assessor falsificou a assinatura que mandou falsificar? A cadeia federal de Catanduvas anda semideserta, pois não? A palavra de ordem é: uma cela para Suassuna!

Pintassilgo no mundo da Lua
Dois dias antes da recente bofetada boliviana, Celso Amorim, “O Pintassilgo do Itamaraty”, explicou à BBC de Londres o que vai pela vizinhança. “A Bolívia está passando por um amadurecimento em termos de política externa”, delirou. “A relação com o Brasil caminha para uma parceria”. Como nada combinou com Evo Morales, a tunga na Petrobras se consumará depois das eleições.

A boca-livre dos doutores
A imprensa deve divulgar imediatamente os nomes dos 47 juízes de direito que, a convite da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), animaram uma boca-livre na ilha de Comandatuba. E também a relação dos jornalistas que, presentes à celebração de dois dias, nada escreveram sobre a festinha.

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