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segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Ministério Público ,insatisfeito,reinquirirá o Freud Godoy

No instante em que a Polícia Federal tende a inocentar Freud Godoy, o Ministério Público Federal decidiu convocar o ex-assessor do gabinete pessoal de Lula para um novo interrogatório. O procurador Mario Lucio Avelar, que acompanha a apuração do dossiêgate, revelou a um amigo que deseja interrogar novamente também o petista Gedimar Passos, preso em São Paulo no dia 15 de setembro com o dinheiro que seria usado para comprar o dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin (R$ 1,7 milhão).

O primeiro depoimento de Gedimar é visto pelo Ministério Público como o mais valioso de todo o inquérito. Ele foi ouvido pela PF no mesmo dia da prisão. Não havia conversado com os demais suspeitos. Não teve, portanto, a oportunidade de combinar versões. No calor da detenção, revelou que estava a serviço do PT. Disse que fora contratado pela Executiva Nacional do partido para checar a consistência do dossiê e fechar a transação. Informou que recebera de Freud Godoy a ordem para efetuar o pagamento.
Ouvido pela PF quatro dias depois, Freud negou a acusação. Reconheceu apenas que conhecia Gedimar. Mas sustentou que jamais tratara com ele de nenhum assunto relacionado à compra de dossiê. Na seqüência, foram inquiridos outros três petistas envolvidos no caso: Jorge Lorenzetti, churrasqueiro de Lula e ex-chefe do birô de espionagem do comitê de campanha do presidente; Oswaldo Bargas, amigo de Lula e responsável pelo capítulo trabalhista de seu programa de governo; e Expedito Veloso, que se licenciara da diretoria de Análise de Riscos do Banco do Brasil para dedicar-se à campanha de Lula.
Os três empenharam-se em afastar a encrenca das cercanias do Palácio do Planalto, isentando Freud Godoy de responsabilidade no caso. Disseram também que nem Ricardo Berzoini, presidente do PT e ex-coordenador de campanha de Lula, nem o presidente da República estavam informados acerca das negociações para a obtenção do dossiê montado por Darci e Luiz Antonio Vedoin, os sócios da Planam e chefões da máfia das sanguessugas.

Antes mesmo desses três depoimentos, a PF vazara para a imprensa a informação de que Freud Godoy deveria ser inocentado. Porém, o procurador Mario Lúcio Avelar acha que é cedo para tirar esse tipo de conclusão. Avalia que os testemunhos de Lorenzetti, Bargas e Veloso são de pouca valia para a elucidação do inquérito. Acha que os três, diferentemente do que ocorrera com Gedimar Passos, combinaram a versão que contariam à polícia.

A suspeita de que houve combinação leva o procurador a desdenhar também das afirmações de Lorenzetti, Bargas e Veloso de que negociaram a obtenção do dossiê com Luiz Vedoin sem jamais tratar com ele de pagamento em dinheiro. Disseram-se surpresos, estarrecidos, estupefatos com a descoberta de que Gedimar portava R$ 1,7 milhão em notas de real e de dólar no instante em que foi detido.
Daí o desejo de Mario Lucio Avelar de reinquirir Gedimar Passos. A prevalecer a versão dos três, ele seria o único responsável pela obtenção do dinheiro, embora ostentasse na equipe de “inteligência” do comitê de Lula uma posição subalterna em relação aos demais. Espera-se que, tendo sido jogado às feras por seus superiores, Gedimar se anime a contar detalhes que não revelou em seu primeiro depoimento.
O Ministério Público considera inverossímil, de resto, a versão de que Ricardo Berzoini não soubesse da tentativa de compra do dossiê. Parte-se do pressuposto de que a soma de R$ 1,7 milhão não seria recolhida sem que houvesse uma ordem superior. Por isso, o presidente do PT também será interrogado. Sua convocação será, porém, retardada para o final. Será intimado por último.

blog do Josias

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