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domingo, 10 de setembro de 2006

O que a Seleção da Copa e os tucanos têm em comum

Weiller Diniz no JB
A oposição anda um pouco atordoada com o ofensivo esquema tático populista montado pelo candidato Lula. Tem engulhos até mesmo das metáforas futebolísticas, tão recorrentes e populares do petista. Mas ele não é o único brasileiro a transpor para o acidentado campo político as estratégias dos gramados e, com isso, incomodar os tucanos. No dia 3 de julho - dois dias depois da tragédia do Waldstadium de Frankfurt, onde o freguês Brasil foi humilhado pelo espetáculo da dupla Zinedine Zidane e Thierry Henry - um amuado presidente da CBF, Ricardo Teixeira, cruzou acidentalmente com o presidente dos tucanos, Tasso Jereissati, em um hotel na Alemanha.

Amigos de infância e habituais interlocutores de todos os temas combinaram um jantar para ajudar Teixeira a superar outro trauma da derrota. O prato de Teixeira, qualquer que fosse o eleito, já incluiria o tempero amargo da derrota. A escolha de Tasso Jereissati, naquele momento, ainda era insossa, embora ele próprio desconfiasse que o tempero da derrota também poderia salpicar seu paladar muito em breve. Sentados em volta de canapés e bom vinho, Tasso Jereissati falou sobre amenidades, conversou superficialmente sobre política, mas não resistiu em verbalizar o que toda a nação indagava naquele momento:

- Ricardo, mas afinal o que aconteceu? Como foi esta tragédia de o Brasil perder de novo para França?

- Você quer mesmo saber? - retorquiu serenamente o presidente da CBF, que estoca os segredos que nunca, ou quase nunca, ultrapassam os vestiários das seleções de futebol.

- É claro que quero. Não só eu, mas todo mundo - respondeu Jereissati, invocando a solidariedade de um segundo casal presente ao jantar.

Ricardo Teixeira então fuzilou Tasso no melhor estilo Lula e contou um segredo que até hoje a nação só suspeitava:

- Pois bem. Aconteceu comigo, com a Seleção, o que aconteceu com vocês, tucanos. Havia muita individualidade. O Ronaldo estava brigado com Ronaldinho, as duas estrelas não se falavam e tinha mais gente brigando e pensando apenas em si. É exatamente como aconteceu com vocês na escolha do Alckmin. Tem muita briga, tem ciúme e ninguém se entende. Eu já perdi e não há nada pior do que isso, agora é a vez de vocês perderem.

- Quer saber de uma coisa? Vamos mudar de assunto! - exortou Tasso Jereissati, refletindo, taciturno, sobre a incômoda parábola de Teixeira.

Ricardo Teixeira, experiente cartola brasileiro, confidenciou o diálogo em uma restrita roda de senadores esta semana, reforçando seu comentário sobre o atual cenário de orfandade da candidatura Alckmin. O candidato tucano está sendo cristianizado pelos candidatos de sua aliança em alguns Estados e, em outros, como na terra de Tasso, o candidato tucano, Lúcio Alcântara, levantou a bola para Lula. Nos dois maiores colégios do país (São Paulo e Minas Gerais) os maiores expoentes da plumagem real não parecem incomodados com um eventual fracasso de Alckmin. Teixeira repete isso hoje, mas alertou Tasso lá atrás. Tasso preferiu baixar a bola da conversa. A única impropriedade da comparação é que Alckmin, uma espécie de candidato reserva, nunca foi favorito na bolsa de apostas como era a Seleção.