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terça-feira, 3 de outubro de 2006

Crise atinge o PT indo ao segundo turno

Num instante em que tenta arregimentar tropas para a segunda e decisiva batalha da guerra presidencial, Lula assiste à propagação da cizânia em suas próprias fileiras. O dossiêgate mergulhou o petismo numa crise semelhante à que se seguiu ao escândalo do mensalão, no segundo semestre do ano passado.

Afastado da coordenação da campanha de Lula, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), enfrenta um cerco partidário. É bombardeado por um número cada vez maior de companheiros. Conforme noticiado aqui no blog no último sábado (30-09), até o Planalto avalia que Berzoini perdeu a legitimidade política que se exige de um dirigente partidário.

Berzoini foi à berlinda depois que petistas recrutados por ele para trabalhar no birô de “inteligência” do comitê reeleitoral foram pilhados tentando comprar um dossiê contra políticos tucanos por R$ 1,7 milhão. Debita-se ao episódio a corrosão do favoritismo de Lula na disputa contra o presidenciável tucano Geraldo Alckmin.

O PT tenta agora, segundo expressão utilizada por um dirigente ouvido pelo blog, “afastar o cálice do dossiê dos lábios de Lula”. Algo que, para uma parte da legenda, só produzirá efeitos eleitorais se passar pela deposição de Berzoini. O deputado tornou-se presidente do PT em setembro do ano passado. Disputou o cargo com outros quatro petistas, entre eles Valter Pomar.

Membro da Executiva e secretário de Relações Internacionais do PT, Pomar acaba de levar à página do partido na internet um artigo revelador. Chama-se “Idéias para o dia seguinte”. Traz para o nível da rua parte das inquietações que envenenam os subterrâneos do petismo.

“É preciso reorganizar imediatamente a coordenação de campanha e também a direção nacional do PT”, anota Pomar. Ele faz no texto um inventário dos desafios de Lula e do próprio PT na disputa presidencial. “Para vencer o segundo turno, precisaremos de uma direção à altura da tarefa”, escreve. “A recomposição imediata, tanto da coordenação de campanha quanto da direção partidária, é necessária não apenas por razões eleitorais, mas também para que o PT possa sobreviver (...).”

Valter Pomar lidera uma das correntes que convivem sob o guarda-chuva do PT, a Articulação de Esquerda. O vocábulo “recomposição”, utilizado por ele no artigo, comporta vários significados –“congraçamento” e “reconciliação”, por exemplo. Mas o que se esconde por trás do cuidado retórico é mesmo o desejo de obter o escalpo de Berzoini.

Sozinho, Pomar não faria sombra a Berzoini, membro do chamado Campo Majoritário, a mesma corrente do deputado cassado José Dirceu. O problema é que o desejo expresso no artigo de Pomar dissemina-se pelo partido. Há um quase consenso quanto à conveniência da saída de Berzoini. Mas está-se falando do PT, um partido que diverge mesmo no consenso. Assim, uma ala do petismo acha que o assunto só deveria ser tratado depois da eleição. Outro grupo compartilha da visão de Pomar, que prega a “recomposição imediata”.

A gestão Berzoini é descrita assim no artigo de Valter Pomar: “(...) Funcionou relativamente bem, num clima distinto da direção anterior, até o momento em que as pesquisas começaram a indicar a vitória de Lula no primeiro turno. Desse momento em diante, alguns problemas foram se tornando cada vez mais evidentes, entre eles a baixa capacidade de elaboração política e a ausência de funcionamento coletivo, tanto da direção partidária quanto da coordenação de campanha. O episódio do dossiê é, ao menos em parte, conseqüência deste ambiente organizacional e político”.

Um comentário:

Anônimo disse...

De Lula para Marisa.

Querida, encolhi o PIB.