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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Condecorada aposentada que atirou em bandido

A aposentada que atirou contra um assaltante no Flamengo, no início do mês, vai ser homenageada com a maior condecoração oferecida pela Câmara de Vereadores do Rio.
O plenário aprovou ontem por unanimidade uma moção do vereador Carlos Bolsonaro (PP) para que Maria Dora dos Santos Arbex, de 67 anos, receba a Medalha Pedro Ernesto.
O vereador disse que quer fazer a entrega da medalha na próxima segunda-feira.
Bolsonaro justificou a iniciativa, afirmando que, antes mesmo de se discutir o Estatuto do Desarmamento, sua postura sobre o assunto já era claramente conhecida.
— Estamos congratulando uma pessoa que cansou de esperar o governo do estado para defendê-la. A medalha não é por ela ter atirado em alguém, mas pelo simbolismo do ato, que externa o sentimento de um povo cansado de tanta violência, sem que os órgãos responsáveis tomem qualquer atitude. É uma pena que o tiro tenha pegado na mão e não no coração, pois seria um vagabundo a menos — disse o vereador.
No entanto, para o delegado Fernando Veloso, da 9ªDP (Catete), a homenagem poderia incentivar a reação de outras pessoas em casos de violência: — O apoio popular a uma atitude extrema como a que tomou a dona Maria Dora é compreensível. Mas o apoio de uma instituição é um erro.
Não que ela não mereça uma homenagem por sua coragem, mas o problema é a leitura que será feita. A medalha pode incentivar outras pessoas a reagir, coisa que deve ser sempre desestimulada.
Bolsonaro rebate a crítica, afirmando que as pessoas têm mesmo que passar a se defender, já que a polícia não tem armamento e contingente suficientes.
Já o diretor-executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, criticou a moção. Para ele, transformar a reação da aposentada num gesto modelo é altamente arriscado e pouco recomendado. Segundo ele, o caso está sendo utilizado politicamente: — É preciso deixar claro que tenho a maior simpatia pela senhora.
A gente nunca sabe como vai reagir em casos como esse e ela mostrou muita coragem.
Mas é preciso lembrar que ela teve muita sorte. Especialistas de todo o mundo não recomendam a reação, já que a maioria das pessoas que reagem acabam vitimizadas.

Maria Dora se sentiu lisonjeada com a homenagem. Ela, que foi autuada por porte ilegal de arma e está em liberdade provisória, afirmou que a notícia levantou seu astral.