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quarta-feira, 18 de outubro de 2006

O País que não sabe eleger

Belíssima entrevista com o brasilianista Thomas Skidmore


Na posição de quem já estudou exaustivamente a história político-econômica do Brasil, suas crises e seus presidentes, como o senhor avalia o desempenho do presidente Lula?


Eu acho que na comparação com os outros presidentes, Lula é uma tragédia. Ele deixou a impressão de que a corrupção penetra em todas as instâncias do governo. Simplesmente abalou a legitimidade do Planalto perante o público. É uma pena. Lula começou com muitas idéias boas e com muito apoio popular. Mas sua base de governo acabou buscando o caminho errado para comandar a selva do Congresso: a propina. Talvez ele ache que isso tenha sido feito por todos os presidentes, e é bem possível que esteja certo. O problema é que coisas como o “mensalão” vieram à tona na gestão dele, e não nas anteriores.

No ano passado, dizendo-se incompreendido, Lula se comparou a Getúlio Vargas, JK e Jango. Em que pontos a situação de Lula pode ser comparada à desses presidentes?

Não vejo nenhuma comparação. Vargas, por exemplo, nunca perdeu o sentido de seu trabalho. Pelo contrário, estava sempre no controle. Juscelino Kubitschek também foi um político de muita desenvoltura, apesar dos pesares. Podemos é comparar Lula com Collor, pelo menos no que diz respeito à loucura. Collor era um louco. No governo, viveu uma fantasia, perdeu o controle e também tentou negar a realidade. Outro louco foi o Jânio Quadros. Ao longo da gestão, ele perdeu o senso de direção. Nem mesmo um psiquiatra seria capaz de explicar os acontecimentos que marcaram o fim do governo Jânio e o esfacelamento de sua capacidade de liderança. No caso do Lula, portanto, eu prefiriria compará-lo a Collor e Jânio Quadros. O resto não tem comparação.


Leia a entrevista na íntegra aqui