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quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Requiem para o jornalismo petista

Jornalismo chapa-branca envergonha a profissão
Reproduzo texto do amigo e filósofo Roberto Romano
Sobre os jornalistas que preferem as versões aos fatos e que se acham no poder junto com o lulismo. Já abordei a questão aqui e reafirmo que as redações estão coalhadas desses chapas-brancas (melhor dizendo, chapas-vermelhas). Eles gostam tanto de Lula porque são iguais a ele: são tão iletrados e incultos quanto o homem que veneram. À maneira do beato Paulo Freire, acham que o conhecimento brota da "escola da vida", e não do estudo. É gente que come no pires de Marilena Chauí, a filósofa da corte.

O "lulojornalismo" envergonha a profissão.

Nos últimos dias da campanha eleitoral notei algo muito singular: jornalistas e jornalistas transformaram-se em advogados e marqueteiros de Lula. Passsaram a morder, como os militantes fascistas da base. Recordei-me inicialmente do Mephisto, filme excelente que mostra a passagem sutil dos que se julgavam livres para o campo dos servos. Vários deles, ao me pedirem opinião ao telefone, na verdade rosnavam contra apreciações críticas. Com os dois dias após os resultados, os primeiros frutos de sua paixão apareceram: declarações raivosas contra a imprensa, interrogatórios, insultos. Alguns "grandes" colunistas, hoje, sumiram de seus espaços. Ainda não sei se por vergonha do papelão executado (se foi por ideologia, é algo pior do que imagino) ou se por medo. Mas agora a coisa está feita. Os pitbull estão no poder, novamente. E imaginam que possuem licença para matar, seja o corpo, seja a alma. Em terra onde duas ditaduras práticamente arrancaram as sementes de liberdade do coração de milhões, os jornalistas petistas (deveriam ser antes jornalistas, depois petistas, tucanos, estalinistas, fascistas) executaram, e bem, o papel de coveiros da liberdade de palavra e de crítica. Dedico, pois, a eles, as palavras acima, do Requiem de Mozart. Descansem em Paz, enquanto puderem, pois como diz Walter Benjamin, com semelhantes poderes, "nem os mortos estão seguros". Acredito que ainda é tempo de lutar pela dignidade humana e pelos direitos em nossa terra. Mas tristeza é muita. Quando aqueles jornalistas me telefonarem novamente, pedirei licença e desligarei o aparelho. Tenho vergonha deles. Como tenho vergonha de viver em terra onde o estupro é normal, desde que vindo da Casa Grande ou do Planalto. Deus salve o Brasil.

Do Tambosi