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quarta-feira, 28 de março de 2007

"Bolsa-bandido", a maior idiotia do Apedeuta?

De todas as bobagens governamentais de que tomei conhecimento ultimamente — e que não foram poucas — nada, nem mesmo o Ponto G da estupidez, barra a proposta do governo do estado de conceder bolsas especiais às famílias dos menores infratores.

A idéia seria, se bem entendi, “reconstruir os laços familiares para reintegrar os menores à sociedade” — como se a desintegração familiar fosse única e exclusivamente uma questão financeira, e como se todos os menores infratores fossem filhos de chocadeira.

Eu gostaria de saber de que mente iluminada saiu essa idéia. Quem foi o gênio que criou este incentivo explícito à criminalidade?! Como se não bastasse tudo o que nos acontece rotineiramente neste país, teremos, pela primeira vez, menores infratores estimulados pelos pais graças a uma ação de governo: — Cumequié?! Foi à escola, cachorro?! Quer dizer que não assaltou ninguém, não estuprou ninguém, não matou ninguém?! É assim que tu cuida da tua família, desgraçado?! A miséria não é boa conselheira, sabemos todos, mas, pelo visto, tampouco o é a vida de privilégios do poder. Imaginar que uma esmola entre R$ 15 e R$ 90 mensais possa tirar um menor (de 1m80) do crime é não ter a mais pálida noção da vida aqui fora; e é ter o mesmo incompreensível preconceito contra a pobreza manifestado pelo presidente Lula, quando diz que o crime, às vezes, “é questão de sobrevivência”.

Ora, a pobreza, em si, não leva ninguém ao crime — ou não, pelo menos, ao tipo de crime que nos tem horrorizado. Ninguém arrasta uma criança por sete quilômetros premido pela pobreza, ninguém mata friamente por pobreza, por pobreza ninguém toca fogo em ônibus cheio de passageiros.

Pelo contrário. Há proporcionalmente muito mais gente digna e honesta nas comunidades carentes do que no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa ou nos palácios de Brasília. Aliás, penso que seria muito instrutivo comparar o percentual de pobres às voltas com a Justiça com o percentual de políticos que (não) respondem a processos.

De qualquer forma, a absurda proposta da Bolsa Bandido revela a total inversão de valores que se estabeleceu neste país, onde os criminosos recebem muito mais atenção, recursos e conforto das autoridades do que as vítimas. Antes de falar em bolsas para famílias de menores infratores, o Estado deveria falar em bolsas para famílias de vítimas da violência; antes de oferecer um duvidoso apoio psicológico às famílias de menores infratores, o Estado deveria, isso sim, pensar nas famílias que, de um momento para outro, foram despedaçadas porque lhes faltou um mínimo de segurança.

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