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sexta-feira, 8 de junho de 2007

O cerco se fechando

A entrevista de Lula à Folha de SP,está em harmonia perfeita com a nota do PT de ontem,insiro aqui,o artigode Carlos Chagas ,que complementa o post anterior:


Más intenções do PT?


Carlos Chagas


Num Congresso vazio por conta do feriado de ontem, deixou de repercutir a nota do PT, solidarizando-se com Hugo Chávez e afirmando que na Venezuela há liberdade de imprensa. Conforme os petistas, o presidente daquele país agiu conforme a lei, não renovando a concessão para que a maior rede de televisão local continuasse a funcionar.

Como brada aos céus raciocínio tão abominável, é preciso perscrutar porque o PT dispôs-se a torná-lo público. O perigo pode morar precisamente nessa nota oficial. No mínimo, lê-se nas entrelinhas que se a lei permite absurdos lá em cima, por que deixaria de ser aplicada aqui em baixo? Traduzindo: o PT aventa a hipótese de a mesma iniciativa de Hugo Chávez ser aplicada no Brasil, porque a nossa lei também determina a renovação periódica das concessões de rádio e televisão. Sem ela, as emissoras perdem o direito de funcionar.

Estivesse o PT isento de más intenções diante da imprensa e esse raciocínio poderia sair pelo ralo, mas é bom lembrar que o partido do presidente já tentou garrotear a imprensa. A tal agência de comunicação proposta pelo Planalto foi obstada no Congresso. A Lei da Mordaça de quando em quando é ressuscitada. As razões para a implantação de rede pública de TV fundamentam-se na necessidade de o governo “defender-se” dos ataques da mídia. E vai por aí.

É bom tomar cuidado com a solidariedade do PT ao presidente venezuelano. Pode ter azeitona nessa empada.

O alvo maior

Dúvidas inexistem de que indiciar um irmão e algemar compadres do presidente Lula exprime uma operação complexa da Polícia Federal. De início, nada a opor, porque, afinal, todos devem ser iguais perante a lei. Por ser parente um cidadão não pode ser considerado imune a investigações e acusações. A PF cumpre o seu dever, como disse o próprio Lula, lá do outro lado do mundo. O diabo é que mesmo elogiado por sua isenção, o presidente foi atingido. A acusação contra o seu irmão mais velho é de traficar influência e explorar prestígio. Contra seus amigos íntimos, parece mais grave: corrupção ativa e formação de quadrilha.

Não são isolados e nem os primeiros esses petardos explodindo nos jardins do Palácio da Alvorada. De Delúbio Soares a Silvio Pereira, de Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Paulo Okamoto, de José Dirceu a Luiz Gushiken, Duda Mendonça, José Genoíno, as acusações de corrupção em maior ou menor grau igualam-se às agora atingindo Genival Inácio da Silva, Dario Morelli Filho e Nilton Servo. Todos se diziam amigos do presidente, a maioria com livre trânsito nos centros do poder federal. O círculo se fecha em torno do núcleo, coisa que a opinião pública acabará percebendo.

Parlamentarismo

Constituiu-se a Frente Parlamentarista, da qual seu inspirador, o senador Fernando Collor, maliciosamente preferiu não se tornar o presidente, mas o coordenador. Essa história de presidência, para ele, parece página virada, mesmo não sendo da República. Justiça se faça, mesmo quando no auge do poder, Collor defendia o parlamentarismo. Claro que só depois do término de seu mandato presidencialista, aliás, interrompido.O problema, no entanto, é que em dois plebiscitos o Brasil rejeitou o sistema parlamentar. O presidencialismo, para muitos constitucionalistas, tornou-se cláusula pétrea, revogável só por uma Assembléia Constituinte ou por uma revolução. Acresce que o parlamentarismo contraria nossa tradição republicana. O brasileiro, por razões culturais, sempre deseja alguém para aplaudir ou vaiar, no exercício do poder.

Se o Congresso tivesse aprovado ontem a mudança, caberia ao partido com maior representação indicar o chefe do governo: PMDB. Quem seria primeiro-ministro? Geddel, Temer ou Eliseu Padilha? Presumindo-se que o PT formasse com o PMDB, quem indicaria os ministros? Apenas os partidos, sem a rede de proteção da moralidade, mesmo furada, que ainda funciona no presidencialismo de Lula. O PTB decidiria por Roberto Jefferson para ministro da Defesa, o PT por José Dirceu para ministro da Fazenda e a ninguém seria dado divergir. Pode ser que no futuro o parlamentarismo seja adotado. É mais democrático, quando funciona num país institucionalmente mais avançado. Por enquanto, porém, de jeito nenhum.

2 comentários:

cereal disse...

Do Diogo Mainard.
Um delegado da Polícia Federal, citado por O Globo, definiu Vavá como "um cara simples, quase analfabeto, que enrola as pessoas". Eu diria que ele possui todos os predicados para suceder ao presidente da República. Vavá 2010.

cereal disse...

O Senado,assim como as demais instituições da República estão no fundo da moralidade,cabe aos Senadores do Conselho de Ética não sepultarem o Senado de vez.
O julgamento do Renan será determinante para definir o rumo do Senado.