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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Compadre Teixeira ,ghostwriter

Luiz Inácio da Silva não escreveu o artigo que assinou na Gazeta Mercantil de 7 de janeiro de 2002, com o título Morte anunciada do transporte aéreo. Até aí, nada de mais. No mundo inteiro, políticos costumam delegar a confecção desse tipo de texto a algum redator de confiança, capaz de reproduzir com parágrafos claros, amparados em argumentos consistentes, o pensamento de quem vai assiná-lo. A tarefa é quase sempre entregue a um assessor. No caso do artigo subscrito por Lula, o verdadeiro autor é o advogado Roberto Teixeira.

Amigos há mais de 20 anos, são também compadres - e duplamente: Lula é padrinho da filha de Teixeira, que batizou um dos filhos do presidente. Na forma, o texto publicado pela Gazeta Mercantil demonstra que o redator ao menos poupou o idioma dos socos e pontapés sucessivamente infligidos pelo improvisador infatigável. No conteúdo, atesta que Teixeira, em janeiro de 2002, era um homem muito interessado em questões ligadas à aviação civil. Interessado demais.

Advogado da Transbrasil havia quase dois anos, Roberto Teixeira costurou um arrazoado que o presidente da empresa agonizante assinaria sem reparos. Acabou assinado, sem reparos, pelo então presidente de honra do PT. Se o compadre achava aquilo certo, não custava endossar o palavrório. Instalado no Planalto meses mais tarde, Lula não socorreu a Transbrasil com dinheiro federal, como recomendara no artigo de Teixeira ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

Tampouco ajudou a Varig, tratada como patrimônio da nação em janeiro de 2002. Deixou na mão as duas empresas. Mas não o primeiro-compadre, hoje o mais valorizado bacharel dos ares do Brasil. Depois de lucrar com a falência da cliente, Teixeira foi contratado para assessorar o grupo que comprou a VarigLog, subsidiária da Varig.

Em seguida, engendrou o arremate do restante da empresa por US$ 24 milhões. E arquitetou, sempre com o apoio do governo, a manobra que resultaria na entrega da Varig à Gol em troca de US$ 320 milhões. O advogado nega ter recebido a comissão de R$ 7 milhões por mais esse serviço prestado à aviação civil.

Se não foi tanto, chegou perto, comunicou o sorriso exibido por Teixeira em 28 de março, quando acompanhou os empresários Nenê Constantino e Constantino de Oliveira Júnior, controladores da Gol, numa visita ao Planalto. O trio queria comunicar que um pedido de Lula acabara de ser atendido. "Há seis meses, o presidente me pediu que entrasse nas negociações para salvar a Varig", revelou o patriarca Nenê Constantino, aquele que ajudou o ex-senador Joaquim Roriz a ganhar uma bezerra e perder o mandato.

A presença de Teixeira na animada comissão de frente fora sugerida pelo próprio Lula, mas o fabricante de artigos e transações aéreas gosta de lembrar que não é apenas o compadre do Homem. "Fui ao encontro como o advogado que estruturou o negócio jurídico e tinha condições de dar explicações, se isso fosse necessário", disse à saída do gabinete. "É sempre muito prazeroso estar entre amigos, como é o presidente, mas não tenho por que me arrepender. Minha presença decorreu de motivos profissionais".

Como reivindicava o artigo agora exumado, as empresas nacionais têm o amparo federal: a Anac cuida da TAM, Teixeira cuida da Gol. Mas o transporte aéreo continua em perigo, como preveniu o título. Pode morrer no governo Lula.

4 comentários:

Anônimo disse...

ZEPOVO
" Acredito que o comportamento das empresas, do governo e dos responsaveis pelo controle do espaço aereo deve ser o dialogo, o entendimento e a cooperação.E não o se apegar cada um a seu interessa e esquecer os passageiros e o país. É evidente que algo esta muito errado na malha aerea brasileira, no sistema de concorrência, no funcionamento da Anac e do sistema de controle aéreo do país." ZEDIRCEU JORNAL DO BRASIL 26.07.07

Anônimo disse...

É mesmo? Aquela dona, diretora na ANAC, que fuma charuto, Denise-não- sei- das- quantas, foi indicada por quem? hem? Responde Zé...
José Dirceu!
Aliás, não sei para que toda esta conversa; um país onde pertences de vítimas de uma catástrofe aérea são pilhados, chegou no fundo do poço!

Serjão disse...

Sobre seu comentário lá em casa:
Kozel
Mas é claro que haverá represálias contra os familiares. Caso fosse possível garantir que os parentes dos atletas não seriam importunados
não voltava ninguém pra Cuba, meu caro. Eu por exemplo assumo: jamais teria a coragem de fazer uma jogada dessas com medo de que minha família fosse admoestada. Mas esse é um risco mais do reconhecido e quem se propõe a corrê-lo deve saber das consequencias. Nada vem de graça, Kozel. Tudo tem um preço. É o tipo de atitude que não contempla o meio termo. Ou se vai sem olhar para trás (coisa para bravos que merecem a minha admiração), ou se volta para o chiqueiro do Fidel. O muro que os boxeadores pretendiam é impossível.

Abração

Anônimo disse...

agora ele deu prá isso, saiu outro artigo dele ?(sic) agora da Nicarágua