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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

O brigadeiro José Carlos Pereira, que será exonerado hoje da presidência da Infraero, deixa o cargo atacando o governo.

Em entrevista ao GLOBO, ele acusou Denise Abreu, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de fazer lobby para beneficiar amigos num negócio milionário. Segundo ele, Denise tenta fazer com que a Anac patrocine a transferência do setor de cargas dos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Viracopos, em Campinas (SP), para o aeroporto de Ribeirão Preto (SP), privatizado e administrado por Carlos Ernesto Camargo, dono da Tead (Terminais Aduaneiros do Brasil). O brigadeiro afirma que Camargo e Denise são amigos, o que é confirmado por fontes do setor. A operação, se concretizada, envolverá cerca de R$ 400 milhões por ano. “A Denise é terrível! Se eu não estivesse saindo, ia comprar uma grande briga com ela”, disse Pereira. Procurada, Denise não retornou as ligações. Sentindo-se um bode expiatório, Pereira, que será substituído pelo presidente da Agência Espacial Brasileira, Sérgio Gaudenzi, diz temer que a crise não termine bem, pois a diretoria da Anac foi formada por indicação política e não tem conhecimento do setor.

ENTREVISTA

O GLOBO: Como foi a conversa em que o ministro Nelson Jobim comunicou que o senhor teria de sair?
JOSÉ CARLOS PEREIRA: No final da reunião com o comandante Juniti Saito, sexta-feira, quando eu entreguei ao ministro Jobim os estudos para desafogar Congonhas, e para obras de Guarulhos e Viracopos, ele me disse que precisava falar a sós comigo. Começou dizendo que segunda-feira reuniria o Conselho para examinar minha carta de demissão. Eu lhe disse que não teria carta de demissão, que ele me demitisse. Ele perguntou se não ficaria ruim para mim e eu respondi que de jeito nenhum. Não posso fazer isso de jeito nenhum. Estou com a consciência tranqüila de que fiz o possível e ser demitido do serviço público não é nenhuma desgraceira.
Não pedi para entrar na presidência da Infraero e não iria pedir para sair. O governo, para sair dessa crise toda, tinha que apontar um culpado. Minha contribuição foi me oferecer para ser demitido.Mas ele que me demitisse.

GLOBO:O senhor foi exonerado porque o presidente Lula e Jobim não mostraram disposição de mexer na Anac, devido à pressão das companhias aéreas?
PEREIRA:Entendo que foi isso, sim, mas aceito com toda a tranqüilidade do mundo. Sou milico e sei que, no sistema militar, quando se entra numa guerra, ataca-se pelo lado mais fraco. Ninguém é louco de partir para o lado mais forte. A Anac é hoje intocável. Tem um envolvimento político enorme lá no Palácio, com a ministra Dilma (Rousseff) e outros. Além do presidente Milton Zuanazzi, todos foram parar lá por indicação política.

GLOBO:O senhor acha que há desconfiança da sociedade com Zuanazzi?
PEREIRA: Mas ele tem um ponto muito forte lá no Planalto. Eu não tenho proteção política nenhuma.

GLOBO: Mas não é um risco ele continuar gerenciando a crise?
PEREIRA: Eu não vejo isso com bons olhos, e temo que não acabe bem. É como medicina. Imagina se numa operação neurológica de alto risco, em vez de um cirurgião neurológico altamente especializado, aparece lá para abrir a cabeça do cidadão um dermatologista? Mas ele foi indicado pelo Planalto...
O problema é que nesse caso não se trata de uma cirurgia. Milhares de pessoas estão voando todos os dias, a mercê desse dermatologista.

GLOBO:O senhor acha que tem faltado pulso ao presidente Lula para resolver essa crise aérea?
PEREIRA
: Eu tenho impressão que, agora, ele está fazendo isso. Pode ser só impressão, mas pelo menos ele criou coragem de trocar o ministro.


GLOBO:A revista “Veja” afirma que Denise Abreu, diretora da Anac, tentou jogar na Infraero a culpa pela não-interdição de Congonhas, no dia do acidente. O senhor respondeu que se ela continuasse acusando a Infraero ia abrir a “caixapreta” dela...
PEREIRA: A Denise é terrível! Se eu não estivesse saindo da Infraero, eu ia comprar uma grande briga com ela. Ela quer tirar da Infraero o controle do setor de cargas de Congonhas e Viracopos, para levar para o aeroporto de Ribeirão Preto, que pertence ao governo de São Paulo. O terminal de cargas nesse aeroporto já é dominado pelos amigos dela, pelo empresário Carlos Ernesto Campos. Toda reunião do conselho da Anac ela fala disso, com o argumento de que é para desafogar Congonhas e Viracopos. Isso é um negócio que movimenta R$ 400 milhões por ano. Ainda bem que estou indo embora. Isso vai estourar qualquer hora dessas.

GLOBO: Como está vendo a tese de erro dos pilotos no acidente da TAM?
PEREIRA: Uma grande maldade e má-fé. A quem interessa culpar os pilotos? Como alguém ou uma empresa se livra de uma acusação de culpa? Empurrando a culpa para cima de outro. Estou vendo tudo isso com muita tristeza, mas chorar não adianta nada. Tem que esperar a conclusão das investigações. Sem uma interpretação pericial de todos os dados das caixas-pretas, a Airbus já emitiu um comunicado dizendo que a aeronave estava em perfeitas condições, mas, na minha concepção, há falhas e erros de projeto, que devem ser corrigidos rapidamente. Não digo que hoje estou com medo de voar em Airbus, mas tenho mais confiança nos aviões da Boeing.

GLOBO: O senhor passou um ano e quatro meses à frente da Infraero. O que foi mais difícil nessa crise toda?
PEREIRA: Vivi momentos terríveis nos dois acidentes. Também vi com horror a Infraero envolvida em centenas de processos no Tribunal de Contas da União. No ano passado, criamos uma empresa tão bonitinha, tão limpinha para cuidar do setor aéreo, e ela acabou ferida justamente na parte ética. Fico muito triste, mas também não adianta ficar triste por isso. Mesmo porque não foi só tristeza. O sucesso do Pan foi uma grande alegria. E agora o Parapan, embarcamos e desembarcamos sem problemas 300 atletas em cadeiras de rodas. Isso foi maravilhoso e reconfortante.

GLOBO: O senhor já está na reserva da Aeronáutica.O que vai fazer a partir desta segunda-feira?
PEREIRA:
Ir para uma praia deserta é uma ótima idéia. Vou passar duas semanas pescando de jangada no Ceará. Não quero nem ver avião passando no céu.

4 comentários:

Anônimo disse...

ZEPOVO
Nada como um pé na bunda para soltar a lingua. Muito reveladores os comentarios do brigadeiro.
Mas o que vcs acharam da ultima pesquisa da popularidade de LULA?
Beleza não?? Eu disse que o acidente da TAM não colava no LULA, vcs não perceberam ainda que ele é blindado!

Anônimo disse...

Já perguntei aí embaixo: onde foi feita a pesquisa? Garanhuns e adjacências? Vem fazer pesquisa aqui em S.Paulo, vem...
E está aí mais um petralha feliz...Eeeeee, bobão, Não colou, que bom, safou-se o Apedeuta, 200 mortos, mas o importante é o Apedeuta ter se safado mais uma vez, ah, ele não sabia... Ridículo!

Anônimo disse...

ZEPOVO
Me refiro à pesquisa DATAFOLHA publicada domingo e sendo comentada em todos meios de comunicação hoje.
Vcs não viram nada ? ou estão atordoados!
48% BOM E OTIMO. Segundo o blog do Josias Lula teria dito:
"Noticia boa eu ovo com 2 zorela !!!hihihihi
Em tempo, eu trabalho e muito! meu serviço é justamente monitorar os blogs como este...

Anônimo disse...

não precisava esclarecer, é óbvio que seu trabalho é "monitorar blogs como esse", com este discurso meu caro, que dúvida...