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sábado, 13 de outubro de 2007

Planalto quer evitar corrida à sucessão de Renan no Senado

Temor é que disputa pelo cargo possa atrapalhar tramitação da CPMF na Casa

Caso o peemedebista venha a renunciar, Lula deixa claro que caberá ao PMDB indicar o sucessor; José Sarney (AP) continua sendo o preferido



O Planalto quer evitar que a licença do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) provoque corrida sucessória pela presidência do Senado ainda neste ano, o que tumultuaria o processo de negociação da emenda constitucional que prorroga a CPMF, o imposto do cheque.
Na avaliação do governo, esse debate só interessa à oposição e àqueles que já estão de olho na cadeira vaga de Renan -senadores do PMDB e do PT- e deve ser postergado para o próximo ano. Para evitar discussões sobre a sucessão no Senado, o governo vai trabalhar para que o afastamento do senador seja prorrogado por mais 45 dias a fim de garantir que durante a votação da CPMF não haja mais confusões na Casa.
Se for necessário, a idéia é chamar Renan ao "bom senso", já que, por enquanto, seu retorno à presidência é visto como sinônimo de crise.
Líderes do governo não acreditam que enfrentarão dificuldades nesse trabalho de convencimento. Depois do primeiro passo dado, da licença, o caminho ficou aberto para mostrar a Renan que ele precisa também colaborar para preservar seu mandato.
Segundo a Folha apurou, o governo acredita que Renan pode ser obrigado não só a prorrogar sua licença por mais 45 dias como também renunciar ao cargo de presidente da Casa para evitar uma cassação.

Sucessor
No caso de renúncia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro a seus aliados que caberá ao PMDB indicar o sucessor. Um recado direcionado principalmente a seu partido, que vai comandar a Casa com o senador Tião Viana (PT-AC) durante o período de licença do peemedebista. Num cenário sem Renan, o favorito de Lula para a presidência do Senado é o senador José Sarney (PMDB-AP), mas o ex-presidente já avisou a aliados que não está disposto a entrar na disputa.
Por isso, o Planalto e a cúpula do PMDB trabalham com outros dois nomes. Um deles, o senador Edison Lobão (MA), que ingressou no PMDB vindo do DEM. A Folha apurou que o nome dele é bem visto no PT, por ser alguém "neutro".
Lula foi informado de que Renan iria se licenciar pelo ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Depois, recebeu um telefonema do senador, informando de sua decisão de se licenciar por 45 dias.
O presidente confidenciou a auxiliares mais tarde que estava aliviado com o desfecho do caso, apesar de preferir que o período da licença fosse de 120 dias para englobar todo o prazo de tramitação da CPMF no Senado. Para o governo, ter a Casa sob o comando de Tião Viana é "o melhor dos mundos", neste período de negociação para a prorrogação da CPMF.
O Planalto, que comandou o processo de uma saída negociada do peemedebista da presidência do Senado, sabe que não pode abandonar o aliado e deve trabalhar para ajudá-lo a preservar o mandato. O argumento a ser usado daqui para a frente é o de que Renan cumpriu o que pediram a ele, ao deixar a presidência da Casa, ainda que temporariamente.
O governo considera prematura qualquer previsão sobre o desfecho definitivo do caso -ainda falta "sentir" a reação da oposição ao fato de ele ter deixado o cargo.
Por enquanto, o Planalto avalia que as reações dos tucanos foram positivas. Senadores do PSDB exigiram a renúncia de Renan, mas também elogiaram seu "primeiro passo" ao pedir licença. Já os Democratas devem manter a oposição frontal ao peemedebista.

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