Pesquisar este blog

sábado, 13 de outubro de 2007

Pizzolato isentou-se de qualquer responsabilidade individual por decisões por ele tomadas como diretor de Marketing do Banco do Brasil



Banco do Brasil vai tentar reaver prejuízo do mensalão

Entidade quer reparação judicial de danos que teriam sido causados por ex-diretor


Folha de |S Paulo

O Banco do Brasil se prepara para tentar reparar na Justiça prejuízos financeiros e danos à imagem da instituição supostamente causados pelo ex-diretor de Marketing Henrique Pizzolato durante o mensalão.
O relator do caso do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, já autorizou o acesso do BB aos autos do processo criminal. No pedido ao STF, o banco comunicou formalmente que cogita responsabilizar civilmente Pizzolato.
Isso significa que, indiretamente, o BB admite pela primeira vez que o dinheiro desviado da Visanet para o "valerioduto" pertencia ao banco. Formalmente, contudo, o BB mantém a afirmação de que o dinheiro da Visanet é privado.
O Instituto Nacional de Criminalística constatou que a DNA Propaganda, braço do valerioduto usado para fazer pagamentos no esquema do mensalão, apropriou-se indevidamente de pelo menos R$ 39,5 milhões de recursos do BB no Fundo Visanet.
A principal razão para o desvio foi uma decisão tomada por Pizzolato, em 2003, pela qual autorizou a Visanet a repassar à DNA, antecipadamente, dinheiro destinado a fornecedores. Assim, a DNA pôde aplicar os recursos no mercado financeiro e obter descontos com fornecedores, sem repassar os ganhos para o banco. Só com os descontos, a DNA embolsou R$ 5,35 milhões.
É sobretudo por conta dessa autorização que o banco pretende processá-lo. Segundo a assessoria do BB, como Pizzolato era diretor estatutário da instituição, ele pode ter de cobrir eventuais prejuízos ao banco com seus bens pessoais.
No pedido ao STF, a instituição afirmou: "Há mister que o banco tome ciência dos elementos constantes dos autos, documentos juntados, laudos técnicos, pareceres produzidos pelo procurador-geral da República bem como as defesas dos réus."
A Visanet é formada por 26 acionistas. O Fundo Visanet foi criado para promover a bandeira dos cartões Visa no país. Cada sócio tem direito a um percentual do fundo e fica responsável pelos gastos a que tem direito. O Banco do Brasil tem 31,99% do fundo.
Somente após a análise da documentação solicitada ao STF, o banco decidirá se há elementos suficientes para entrar com a ação contra o ex-diretor da instituição.
Pizzolato é um dos 40 réus da ação penal do mensalão. Ele responde por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de irregularidades no pagamento de contratos de publicidade do BB com a DNA.
A eventual ação civil de responsabilização por prejuízos financeiros ou danos à imagem do banco independerá da ação penal que tramita no STF.
Pizzolato aposentou-se em julho de 2005, logo após surgir o escândalo do mensalão. Segundo o banco, a aposentadoria voluntária impediu que ele fosse punido por meio de processos administrativos.
Procurado ontem pela Folha, Pizzolato isentou-se de qualquer responsabilidade individual por decisões por ele tomadas como diretor de Marketing. "Todas as minhas decisões sempre foram em comitês. Nunca tomei nenhuma isoladamente, nem o banco me dava esse poder."
Ele disse que desconhecia a intenção do banco em processá-lo e a autorização do STF para que a instituição estude o que foi apurado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal contra ele. "Vou falar com os advogados."

Nenhum comentário: