Pesquisar este blog

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Bolívia cai na real.Morales engole tudo o que disse.

Acumulam-se sinais de que, passada a embriaguez da nacionalização das reservas de gás e petróleo na Bolívia, começou a ressaca para o governo vizinho. O último mergulho na realidade veio na sexta-feira, sob a forma da nota do Ministério de Hidrocarbonetos, em que governo de Evo Morales anunciou o adiamento do programa de nacionalização das reservas e refinarias de gás no país, por falta de dinheiro para pagar as indenizações necessárias. É o reconhecimento do forte componente de irrealidade nas declarações das autoridades, em maio, prevendo pagar a nacionalização com recursos gerados pela própria exploração do gás.O comunicado do ministério declarou suspensa temporariamente a "plena vigência" da participação da estatal boliviana YPFB na cadeira produtiva de gás e petróleo, por falta de recursos para pagar indenizações. A YPFB, que, pelo decreto de nacionalização, chegaria a julho como uma empresa reestruturada, "eficiente e com controle social" ainda não se sustenta nos próprios pés, apesar de ter representantes nas direções das companhias afetadas pela "nacionalização" de maio. O aumento de impostos decretado na ocasião também não entrou em vigor, segundo informam executivos das empresas. Tampouco se concluiu a auditoria com que o governo pretendia provar lucros exagerados nas empresas em operação na Bolívia, o que poderia levar à redução ou até eliminação das indenizações devidas pelo governo. A Petrobras, que anunciou drástica redução nos planos de investimento na Bolívia, segue como operadora das duas maiores refinarias locais, alvo do decreto de nacionalização. A frustração das expectativas da equipe de Morales os leva, agora, a negociar com o Banco Central da Bolívia um empréstimo de US$ 180 milhões, para dar fôlego econômico à YPFB.Em recente reunião da Câmara de Comércio Brasil-Bolívia, um empresário da construção civil comentou com os executivos presentes que, em La Paz, é perceptível a redução das atividades de emissários do presidente da Venezuela, Hugo Chávez - que, aliás, rejeitou na última hora o convite de Morales para assistir à inauguração da Assembléia Nacional Constituinte, ponto alto do projeto político do presidente boliviano. Chávez seria o único presidente presente; todos os demais alegaram outros compromissos, inclusive o presidente Lula.Amainou o clima de incerteza entre os grandes produtores de soja, que, agora, se dizem a salvo da anunciada reforma agrária boliviana. Mas o governo Morales continua às turras com investidores, entre eles a Petrobras, que chegou a entrar em debate público com autoridades bolivianas a quem a estatal acusou de afugentar investimentos do país. A última cotovelada de Morales na empresa foi a proibição de que ela explorasse reservas petrolíferas ao Norte de La Paz, com o argumento de que as leis atuais revogaram a autorização de exploração de campos locais pela estatal brasileira. Não é momento de dar as costas ao vizinhoO governo Morales também trava disputa com a indiana Jindal Steel, que prometia investir US$ 2,3 bilhões na gigantesca mina de minério de ferro de Mutún (a mesma que já foi cobiçada pelo brasileiro Eike Batista). Os royalties oferecidos pelos indianos são considerados insuficientes pelo governo boliviano.Evo Morales tem sido acusado pela oposição de espantar investidores, está absorvido pelas discussões políticas da Constituinte (cujo poder e mecanismos de voto é motivo de litígio entre governo e oposição) e viu cair lentamente sua popularidade. De 81% em maio, mês da nacionalização, passou a 75% em junho, e caiu para 68% em julho, segundo um instituto local. Já somam 24% os que desaprovam seu governo (eram 15% em maio).O governo Morales tem respeitado os contratos na tentativa de renegociar preços do gás com a Petrobras, mas tem esperanças - ilusórias, acredita-se na estatal - de que o governo Lula abrandará a posição da Petrobras uma vez reeleito em outubro. Em dezembro, acaba o programa pelo qual os Estados Unidos deixam entrar com tarifas mais baixas quase US$ 200 milhões em exportações bolivianas, e o governo Morales já enviou emissário a Washington para anunciar que seria um desastre ao país esse golpe nas vendas para o mercado americano. Caso se confirme a elevação de tarifas de importação dos EUA, Morales espera poder vender parte dos produtos na região, inclusive ao Brasil.País com quem o Brasil compartilha sua maior fronteira e um forte fluxo migratório, além das ameaças do narcotráfico, a pior reação do governo seria dar as costas ao vizinho. Interessa ao país que o banho de realidade tomado pelo vizinho não o traumatize a ponto de fazê-lo abandonar a racionalidade que ainda preserva.

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso que dá eleger incompetentes... O povo vai na onda do discurso ufanista, das promessas mirabolantes, e não percebe o engôdo ardilmente arquitetado. Evo, Lula, Chavez, Fidel são os tais "carismáticos" fabricados pela mídia de aluguel... O que eles querem é o poder pelo poder.
Vai ser difícil para o povo desses países se livrar tão cedo deles.
O fanatismo coloca o cara numa servidão tal que não o leva a perceber que é escravo por vontade própria.

Ciça

Kozel® disse...

Isso mesmo,Ciça,só dá nisso esses palhaços ignorantes populistas