Pesquisas não são resultados de eleições

"A maior parte do eleitorado começa a tomar contato agora com o processo eleitoral. O favoritismo de Lula nesse momento não significa que a eleição já está decidida."

Mauro Paulino, diretor do instituto Datafolha

“Mudanças são as coisas mais permanentes que existem.”

Francisco José de Toledo, presidente da Toledo&Associados-Ele acredita em uma alteração nas pesquisas.

Erros históricos marcam algumas pesquisas eleitorais no Brasil e no mundo. Um dos mais clássicos casos de equívocos de boca-de-urna foi registrado em 1984, durante a eleição à Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros disputavam palmo a palmo os eleitores. No dia da eleição, o Instituto Datafolha apontava FHC como o vencedor. Aliás, o próprio candidato já se considerava eleito, tanto que topou posar para fotos, antes do resultado oficial, já sentado na cadeira do chefe do Executivo.

No final, a vitória – apertada – foi de Jânio Quadros. Além do vexame, Fernando Henrique teve de amargar o ex-presidente literalmente desinfetando a cadeira no momento de sua posse. O instituto Toledo&Associados foi o único que, na época, acertou o resultado.

A disputa ao governo de São Paulo, em 1998, foi igualmente marcada por um erro da pesquisa eleitoral. Na boca-de-urna, o Datafolha apontou Paulo Maluf e Francisco Rossi (então no PDT) no segundo turno, muito próximos de Mário Covas (PSDB) e Marta Suplicy (PT), em quarto. Após a apuração, o que se viu foi a ida de Maluf e Covas para o segundo turno. O tucano, aliás, disputou voto a voto a vaga com Marta e conquistou a posição nas últimas urnas, com uma diferença de menos de 0,5%. No segundo turno, Covas garantiu o segundo mandato à frente do Palácio dos Bandeirantes.

O Ibope se equivocou no resultado do primeiro turno das eleições à prefeitura de São Paulo, em 2004. Na boca-de-urna, o resultado apontava empate em 40% para José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT), dentro de uma margem de erro de 1,7 pontos percentuais. Mas o resultado oficial apontou vitória do tucano por 43,56%, contra 35,82% da petista.

Ainda em 2004, o Datafolha cravou que Luizianne Lins (PT) estava fora da disputa do segundo turno à Prefeitura de Fortaleza, já que figurava na pesquisa em quarto lugar, atrás de Moroni Torgan (PFL), Inácio Arruda (PCdoB) – que tinha o apoio dos principais caciques petistas – e Antônio Cambraia (PSDB). O placar oficial confirmou Torgan e a petista no segundo turno, com a surpreendente, para muitos, vitória de Luizianne.

Mas os erros em resultados não são privilégios apenas dos institutos brasileiros. Nos Estados Unidos, a maioria das pesquisa apontava, em 2004, vitória do democrata John Kerry, contra o então presidente George W. Bush. Apesar de Kerry contar com o apoio significativo de lideranças políticas e artistas americanos, o republicano acabou sendo reeleito, contrariando as pesquisas.