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quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Petralha atrapalha andamento da CPMI

O presidente da CPMI dos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), transformou-se ontem em alvo de parlamentares de oposição, que o acusam de patrocinar uma “operação abafa” para evitar a convocação dos envolvidos no escândalo do dossiê contra candidatos tucanos. Os oposicionistas consideraram “estranho” o comportamento de Biscaia, que terminou rapidamente a reunião da CPMI, ontem cedo, evitando, dessa forma, a votação dos requerimentos de convocação.

O clima de confronto entre os integrantes da CPMI ficou patente depois que o petista também se negou a fazer uma reunião extraordinária à tarde para votar os cerca de 200 requerimentos. Parlamentares acabaram batendo boca e trocando acusações. “Não há da minha parte nenhum tipo de conduta que mostre que não quero as investigações. Sou imune à pressão. Mas a CPMI não pode se transformar em um palco de disputa político-eleitoral”, argumentou Biscaia. Ele defendeu ainda que os requerimentos sejam votados apenas depois do segundo turno das eleições, no dia 29 de outubro. “O resultado das eleições presidenciais vai interferir na segunda fase da CPMI, que vai centrar suas investigações na relação da máfia das ambulâncias com o Executivo”, disse o petista.

Para a oposição, “faltou boa vontade” a Biscaia para que houvesse quórum ontem na sessão administrativa da CPMI dos Sanguessugas. “Ele (Biscaia) deve estar sendo pressionado. Não está enfrentando as questões abertamente”, afirmou o sub-relator Fernando Gabeira (PV-RJ). “Acho que o Biscaia está sofrendo algum tipo de pressão. Espero que amanhã (hoje) ele retome a sua biografia”, disse o sub-relator Carlos Sampaio (PSDB-SP). “Existe uma pressão grande para não ter reunião da CPMI antes do segundo turno”, observou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). “O Biscaia jogou a favor do governo para não haver sessão da CPMI”, opinou o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).

A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) era a única governista no plenário da CPMI. Foi somente ela que saiu em defesa de Biscaia. “Temos de trabalhar em vez de ficar fazendo factóides”, disse. Sem citar nomes, a deputada também afirmou que a CPMI tem apenas partes do dossiê contra os tucanos. “O juiz autorizou que viesse para a CPMI todo o material. Mas o que veio para cá foi escolhido”, observou Vanessa.

Berzoini terá de depor sobre sanguessugas

São Paulo (AE) - Ricardo Berzoini, afastado da presidência do PT e expulso da coordenação da campanha de Lula, terá que prestar contas à CPMI dos Sanguessugas - além de depor à Polícia Federal, que já decidiu chamá-lo no inquérito sobre o dossiê Vedoin.

Sua convocação foi anunciada terça-feira pelos deputados que vieram a Cuiabá investigar o caso. “O depoimento de Berzoini é fundamental porque, qualquer que fosse o seu grau de conhecimento da compra do dossiê, sua atitude mais responsável seria o abortamento dessa operação”, disse o deputado Paulo Santiago (PT-PE), que atua na CPMI. “Foi uma operação nitidamente ilícita.”

Ele considera insuficiente o afastamento do ex-presidente do PT e defende abertura de um processo ético. Santiago atribui “à auto-suficiência de alguns dirigentes do PT” o plano mirabolante.

PF cruza dados para rastrear R$ 1,75 milhão

Cuiabá (AE) - Sem informações concretas sobre a origem do R$ 1,75 milhão que o PT arrecadou para comprar o dossiê Vedoin, a Polícia Federal em Mato Grosso desencadeou ontem uma missão que nem ela sabe se produzirá resultado efetivo. O trabalho consiste no cruzamento de dados relativos à quebra do sigilo de 750 linhas telefônicas, móveis e fixas, com informações do sistema bancário e financeiro, inclusive do mercado do dólar.

A PF corre contra o tempo, admitiu o delegado Diógenes Curado Filho. Ele preside o inquérito sobre a farsa, que já custou a cabeça de alguns dos principais conselheiros e aliados do presidente Lula. Ele está de olho no calendário eleitoral. “Quero dar uma resposta à sociedade pelo menos uma semana antes do segundo turno (no dia 29)”, declarou.

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