“Não posso aceitar que eu termine essa história como chefe da quadrilha”, diz o deputado cassado, em conversas reservadas. “Quero ser julgado para provar minha inocência”, afirma. Depois de se encontrar separadamente com Lula e com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), Dirceu decidiu adiar o movimento em defesa de sua anistia para o segundo semestre. Até lá, tentará reconstruir sua imagem, seriamente abalada pelo escândalo.
Lula disse a Dirceu que seria mais conveniente para o Planalto que ele aguardasse a decisão do STF para lançar a campanha. Avalia que, nesse início de segundo mandato, com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na agenda, o pedido de indulto provocaria desgaste ao governo.
Na prática, o relacionamento entre o presidente e o seu ex-braço direito é marcado por idas e vindas. Convidado para assistir à segunda posse de Lula, em 1.º de janeiro, Dirceu não apareceu. A um emissário do Planalto, mandou recado provocativo: “Diga ao Lula que estarei na posse dele em 2014”.
Agora, o ex-ministro concordou em iniciar somente depois de julho a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar projeto de iniciativa popular pela anistia. Avisou Lula, porém, que não pode vincular a campanha ao veredicto do STF.
A expectativa do grupo de Dirceu é que o STF se manifeste entre agosto e setembro sobre a denúncia do procurador-geral de República, Antonio Fernando de Souza, que apontou uma “sofisticada organização criminosa” no coração do governo, chefiada por Dirceu. Se o Supremo aceitar a denúncia, é provável que o processo tramite durante uma década até o julgamento, por causa da morosidade da Justiça.
“Aí é a impunidade”, argumenta Dirceu, sempre que expõe o assunto aos petistas. “Não dá para aceitar isso”, diz. É nesse momento que ele exagera na retórica: fala até em fazer greve de fome diante do STF para pedir que o processo seja julgado até 2009. Em novembro de 2005, o ex-ministro teve os direitos políticos cassados pela Câmara por oito anos.
Nos encontros com amigos, Dirceu avalia que o problema não é obter as assinaturas em defesa de sua anistia, embora pesquisa que ele próprio encomendou revele que 68% dos brasileiros são contrários ao perdão. No seu diagnóstico, o desafio consiste em mudar a imagem diante da opinião pública.
Assessorado por uma equipe de especialistas em marketing político, Dirceu afirma que intensificará as viagens pelo País com esse objetivo. Ex-presidente do PT, pediu ao partido que lance uma campanha em defesa da reforma política “para acabar com o caixa 2” e quer se dedicar a temas como juventude e educação.
Aos interlocutores, diz ter planos de se candidatar a deputado federal, em 2010, caso consiga a anistia. “Se bem que falar em 2010 agora é como andar na chuva sem pára-brisa: não dá para enxergar o que vai acontecer”, compara.
3 comentários:
Estou confiante na Greve de Fome que o José Dirceu anunciou.
Devemos incentivá-lo. Até o fim.
SDS
Link para dizer NÃO AO GUERRILHEIRO ASSASSINO
http://www5.estadao.com.br/enquete/politica/totais.htm
José Dirceu merece ser anistiado e ter seus direitos políticos retomados?
Sim: 5.76%
Não: 94.24%
hauhauhauhau ele está preocupado com a imagem? mas oras num país onde povão não tem memória, com uma boa campanha publicitária ele sai candidato como sucessor de lula e não duvido que ganhe
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