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quinta-feira, 7 de junho de 2007

Renan,como réu,explicará o inexplicável

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), desde ontem responde como réu, no cargo, a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Instalado na semana passada, o Conselho estréia investigando justamente o presidente do Legislativo, suspeito de pagar despesas pessoais com recursos da empreiteira Mendes Júnior. Diante da ameaça do PSOL de recorrer à Justiça, caso a representação contra Renan fosse arquivada sumariamente, governo e oposição chegaram a um entendimento ontem, minutos antes do início da reunião do Conselho, e constataram que a melhor alternativa para preservar a imagem da Casa seria garantir a abertura do processo por quebra de decoro.

Acordo põe aliado de Sarney como relator  A escolha do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) — eleito com o apoio da família Sarney — para ser o relator do processo contra Renan, também acertada previamente, deverá assegurar que a investigação seja rápida e não fuja do controle do governo, sem que o PMDB ou o PT tenham de se expor diretamente.

Renan teria resistido à idéia de abertura do processo, mas foi convencido diante das ponderações de aliados de que o caso poderia se arrastar por mais tempo se fosse parar na Justiça.

A hipótese de indicação de um representante do PMDB ou do PT para relatar o processo foi logo descartada.

Isso despertaria suspeitas ainda maiores de uma manobra para inocentar Renan. A oposição, mesmo disposta a ajudar o presidente do Senado, vetou a idéia inicial do presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-SP), de indicar o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM-SP). Ainda mais depois que ele declarou, publicamente, que gostaria de absolver Renan.

A tarefa ficou com Cafeteira, hoje um homem da inteira confiança de Sarney, que tem feito dobradinha com Renan desde o início do governo Lula.

Alguns colegas já ouviram Cafeteira declarar que deve sua vida a Sarney. O ex-presidente o teria socorrido no início do ano, depois de um infarto. Com 83 anos e a saúde debilitada, Cafeteira sequer estava presente à reunião de ontem, quando seu nome foi indicado.

No interior do Maranhão, segundo sua assessoria, foi consultado pelo telefone por Sibá e aceitou a missão.

— Consultei vários senadores, mas o Cafeteira aceitou de pronto. É uma pessoa de perfil adequado. Vai estudar o processo e nos apresentar seu relatório sem delongas — disse Sibá.

O senador Jefferson Péres (PDTAM) lamentou que Sibá não tenha optado por nomear uma comissão com representantes de três partidos para conduzir a investigação. Isso, na sua opinião, garantiria maior isenção.

— Não tenho dúvidas de que o Cafeteira deverá livrar Renan pedindo sua absolvição — previu Peres.

Nada temo, diz Renan sobre ação  Segundo a assessoria de Cafeteira, ele está incomunicável no interior e só voltará a Brasília na segunda-feira, quando deverá solicitar a notificação de Renan para que este apresente sua defesa. O presidente do Senado terá o prazo de cinco sessões para isso. Os advogados deverão consolidar a versão e os documentos já encaminhados por Renan à Corregedoria.

Renan tentou mostrar tranquilidade, mas não disfarçou seu desapontamento com o fato de ter virado réu.

— Não tenho qualquer preocupação com o processo. É o caminho para que possamos demonstrar com todas as letras de que lado está a verdade.

O que o país quer saber é isso mesmo. Quero que tudo se esclareça e estou absolutamente tranqüilo. As coisas nem sempre acontecem como a gente espera. Mas estou do lado da verdade, por isso nada temo.

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